sábado, 21 de setembro de 2013

Ou sabes, ou não vales nada...


No tempo dos nossos avós, não era preciso ir aos "ídolos" ou aparecer no "Youtube" para "saberem" cantar. Na altura cantava-se! Hoje... arrasta-se.
No tempo dos nossos avós, a música não precisava de bateria, de guitarra ou tambores, por si só se fazia música. Era fado sem instrumentos, com o melhor instrumento do mundo: A voz das nossas avós, a voz que embalaram os nossos pais, que ralharam e que também educaram.

Hoje, quem não sabe cantar não é gente. Quem desafina, não tem capacidades, não sabe fazer nada, porque a voz não encanta nem embeleza a pessoa. Cantar, é para todos, o tom da música é que é diferente para cada um. É como o tipo de orelhas ou a cor dos olhos. Se deceparmos os sonhos de uma criança, da mesma maneira fácil com que se diz em tom de "júri" sem qualquer tipo de conhecimento ou vocação: "Não sabes cantar, é melhor dedicares-te a outra coisa que dê dinheiro, tipo futebol ou médico.". Sim, porque uma pessoa não pode ser outra coisa que não cantor, futebolista, doutor, médico, advogado, psicólogo, arquitecto ou professor. Para os papás, os filhos têm de ser gente importante, já que eles nunca o foram ou nunca conseguiram ser. Uma pessoa não pode ser Pedreiro? Escultor? Desenhador? Fotografo? Doméstico? Electricista? Ser empregado de balcão ou servir às mesas?
Li no livro "Mulheres Inteligentes Relações Saudáveis" (pag. 97) esta frase muito inteligente:
"Uma pessoa madura é capaz não apenas de elogiar quem ama, mas todas as pessoas que de alguma forma a servem. Quem não é capaz de elogiar porteiros, cozinheiros, empregados de mesa e de limpeza não é digno de ser servido por eles. [...] há pessoas tão pobres que só têm dinheiro; há pessoas tão incultas que só têm cultura académica." de Augusto Cury.
Em Tenho vergonha...
És mais do que os outros por saberes cantar? Por teres carta de condução? Um emprego? Teres boas notas e um emprego que te dá muito dinheiro? Sabes o que tenho de ti? Não é inveja, é pena, por não teres tido a mesma vida feliz e simples que tive, que tenho e sempre terei, ao não ter de me colocar em todos os pedestais, subir todos os degraus de uma só vez e pisar os ombros de todos os que me ajudaram de uma maneira boa ou má a chegar ao estado psicológico onde estou. Porque tu podes ser muito boa em tudo, até na cama e fazer broxes, mas se não és capaz de olhar para ti própria e veres-te, conheceres-te, saberes quem és Tu para ti própria, não sabes fazer o mais importante. Conheceres-te e ser humilde.
Porque se eu não souber fazer o que 70% da sociedade/população faz, sou "anti-social", "pessoa de poucos amigos"? Eu gosto de ser uma pessoa calma, de conversar só quando acho que a conversa é interessante, de ter poucos amigos e de me dar com poucas pessoas. Isso não faz de mim "anti-social". O problema não está em mim, está em vocês, que aparentemente não compreendem a minha forma de viver, de ver e de sentir o mundo que me rodeia. Se eu não souber fazer uma coisa que tu sabes fazer, como por exemplo cantar, tocar viola, piano, dançar, comunicar, não faz de mim um desajeitado ou um zero à esquerda. Sendo os esquerdinos pessoas com QI mais elevado, até seria uma coisa positiva, visto que à esquerda do 0 vêm os números negativos que fazem parte dos cálculos que permitem conhecer e ir conhecendo o universo. Se sou menos do que tu, porque não ser igual, não fazer igual e não ser tão bom, espero que na altura em que tiveres de ver os teus filhos caminhar, não stress por eles não caminharem aos 2 meses, não falarem durante 1 ano, ou tiverem de usar óculos. Não faças deles príncipes, nem delas princesas, faz deles seres humanos. Ajuda-os a crescer, a conhecer a dor e a alegria, a tristeza e o sorriso.
-- Se não sabes, filho, o pai ensina-te!
-- Se o pai não souber? Vamos os dois aprender!
Não quero que os meus filhos nasçam em cima de um banco com a corda ao pescoço, uma lista de objectivos e tarefas a cumprir com prazos rígidos e apertados, nada flexíveis para o seu tempo de aprendizagem, como os filhos de quem vejo nascer à minha volta. Como os filhos que vejo pelo shopping, com um futuro traçado. Com um futuro o qual não pode explorar, construir ou viver. Filhos que não podem falhar nem cair, sair do passeio ou tropeçar. Eu não sou um problema, sou parte da solução. Porque quando tu bateres no fundo, irás andar à deriva, e quando eu chegar lá acima... vou navegar e viajar, aproveitar o sol, a água e as paisagens. Não preciso de muito para ser feliz, nem de ser melhor que os outros para ter atenção. Aprende a viver contigo própria antes de achares que por eu não ter um emprego "digno" e "limpo" que não faz de mim gente. Muito pelo contrário! Aprendo a re-valorizar o dinheiro que ganho, o tempo, o suor e o esforço que faço, para poder viver, não mais humano, mas com mais valor.

E não, tu não és sincera, és arrogante e muito mal educada!

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Quando abrires os olhos...
A tua mente num frasco...
O riquismo e a superioridade...

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