No momento em que se ergueu sobre os seus dois pés, sentiu o peso da gravidade cair-lhe na anca e nos dedos sobre o tapete colorido. O brinquedo pelo qual gritava, de braços esticados e agitados no ar, tornava-se o único formato compreensível a uma pequena distancia do seu olhar ainda em fase de treino. Tudo em volta se desfocava, e servia-se apenas da voz do seu pai e da sua mãe, num tom encorajador, para se guiar num espaço desconfortavelmente infinito, vazio e insípido.
A perna esquerda arrastou-se um pouco no chão e seguiu-se a direita, que descolou instintivamente numa tentativa de prevenir uma queda que lhe surgiu em todas as partes do corpo e lhe desceu pela coluna até aos calcanhares. O cérebro absorveu a nova experiência. Calculou, no momento de grande aflição, a altura a que a cabeça, mãos, pés e joelhos se encontravam das cores do chão e ordenou uma nova passada, mais confiante e controlada. Os pais sorriram jubilantes.
O nosso bipedismo não nasceu de uma necessidade. Nasceu do medo constante de não sermos capazes de ver o horizonte à nossa volta, e com ele os predadores.
Sem o medo das coisas e a dor que sofres por elas, não existes verdadeiramente. Não vives nem saboreias o ar que te dá a vida; A força que te sustem em cada passo e o sangue que te alimenta a consciência do Eu.
Sem o medo das coisas e a dor que sofres por elas, não existes verdadeiramente. Não vives nem saboreias o ar que te dá a vida; A força que te sustem em cada passo e o sangue que te alimenta a consciência do Eu.
Acho que todos nós teremos sempre esse medo que os bebés sentem ao dar os primeiros passos. Afinal de contas não temos sempre medo de avançar rumo ao desconhecido?
ResponderEliminarHá quem não sinta o mesmo medo que os comuns dos mortais. Talvez esse "medo" seja trocado por "loucura". Acho que é disso que os "heróis" são feitos.
EliminarEstranhamente, não são verdadeiramente Machos/Fêmeas Alpha, mas têm sangue frio quando se trata de avançar para uma situação desconhecida ou perigosa.