sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Ouve, respira, aceita...



Uma melodia tocava nos meus ouvidos, leve, como uma brisa pelos cabelos, levando-me da mente a preocupação. Um carinho gentil, de um amor que chega na primavera. O sol subia a cada passo, acordando do frio a natureza adormecida, hibernada no tempo; E em cada flor, cada pétala, cada folha, podia-se ouvir o espreguiçar cuidadoso. Criava-se à minha volta uma dança apaixonada que não se ouvia, nem se podia ler, mas que se podia sentir e fazer-nos chorar.

Sentei-me na margem do lago, onde as ondas me banhavam os pés e as pernas, num balançar orgânico acompanhando o som de uma música que recordava. Uma memória que me trazia alegria. Um reconforto emocional que não existia em fotografia ou numa peça de roupa. Um gesto, apenas. Uma mão sobre a minha cara e um par de lábios vermelhos, molhados, que embatiam nos meus como um doce. Fazendo crescer o roçar dos nossos corpos numa troca de pólens, de emoções e vibrações.
As notas flutuavam com o meu corpo, enquanto a natureza me carregava no seu ventre. E o seu ventre, era o mundo. Era aquele lago e aquela paisagem que acordava para um dia em que... não haviam oportunidades para aproveitar ou criar, mas uma solidão do cosmos com que se podia dançar.

Ouve...
Respira...
Aceita...
Estás em casa...

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