sábado, 6 de julho de 2013

É castigo ou tortura?




Dar uma chapada na cara de uma criança, dos 2 ou 14 anos, de uma certa perspectiva, é algo obsceno, frio e insensível de se fazer. É algo que muitos pais e mães usam como ultimo recurso, mas é especialmente perpetuado quando a criança falta ao respeito na cara dos pais. Quando lhes chama nomes menos próprios para uma criança daquela idade.

Uma chapada na cara, é, grande parte das vezes, humilhante para quem a leva. Sendo a nossa cara a parte do corpo que constitui o maior número de músculos, e a "única" que nos permite comunicar de forma não verbal. Por tanto, a razão para uma chapada ter tanto impacto nas nossas emoções, deve-se ao facto de ela nos "proibir" expressarmos-nos. Um sinónimo de que deveríamos estar calados, que deveríamos ter vergonha e em parte, deixar de existir. Que a nossa opinião não conta para nada e não tem importância. É, para além do "cheiras mal da boca", uma forma de rebaixar, de inferiorizar. Se um adulto se sente incomodado e inferior, alvo de gozo, então uma criança, por muito inconsciente que seja, sentirá que fez a pior coisa do mundo. O que é o objectivo da chapada. Mas para uma criança, é quase como que os próprios pais dizerem ao filho:
-- Odeio-te! Não gosto de ti!


Dar uma chapada, só mesmo em ultimo caso e na altura certa, é a atitude mais correcta a ter? Pessoalmente acho que não, pois mexe bastante com a caixa psicológica da criança. Uma palmada no rabo ou nas mãos, é sempre melhor do que um puxão de orelhas ou uma chapada.
Como li na internet, existem crianças com problemas graves de audição devido a um puxão de orelhas que foi longe de mais. Inclusive, crianças que ficaram com os músculos da mesmas, rasgados.
Existem vários livros hoje em dia, que "ensinam" os pais a educar e a responsabilizarem-se pelos seus actos, sem ser à chapada e à palmada, ainda existe muito casal que, ou não sabe educar ou tem excesso de raiva a mais. Que usam e abusam do poder de serem "pais" para poderem descarregar o stress do seu dia-a-dia nos seus filhos. Da mesma forma que existem muitos pais que amam os seus filhos, que os respeitam e ouvem, existe também, de forma proporcional, pais que "odeiam" os filhos, que se tivessem poder de escolha ou capacidade de recuar no tempo, preferiam nunca ter tido filhos. Como abordo em parte em "Elas, que andam sozinhas...".
Para esses pais, o "castigo", tanto físico como psicológico é uma forma de tortura? Uma tortura do qual tiram prazer?
Vocês então perguntam-se: "Mas que tipo de pai é que haveria de retirar prazer por encher um filho de porrada e de violência psicológica?". Bem, todos os pais que são divorciados ou que estão separados e têm filhos, e que nunca os quiseram. Os mesmos pais que se tiveram uma noite de sexo com um rapaz ou rapariga qualquer e que ao saberem que a miúda estava grávida, sentiram a vida arruinar-se para sempre.

Até que ponto, um castigo não é uma forma de tortura, mais do que educação? Até que ponto uma palmada, uma chapada, um castigo, um berro mais alto aos ouvidos, não é para os pais, um escape ao stress que os filhos lhe causam todos os dias, simplesmente por existirem, por terem despesas, por causarem prejuízo e mais dores de cabeça do que momentos de orgulho.

Castigar uma criança, não é o mesmo que estar a educar. O meu ralhava comigo e por vezes dava-me umas palmadas bem assentes no rabo e mandava-me, a mim e ao meu irmão, para o quarto de castigo. Como muitos pais fazem. No que ele se tornava único, era quando ao fim de algum tempo, depois de nos deixar pensar no que tínhamos feito, vir falar connosco, incutir, conversar, digerir a informação, o porquê do castigo, o porquê de estarmos errados, onde errámos e o que aprendemos.
Na minha opinião, acredito que a agressão verbal, é pior do que a física. A agressão psicológica, os jogos psicológicos, a frieza das palavras para com os sentimentos da criança. Uma palavra é capaz de fazer mais danos a uma criança, do que uma palmada marcada no rabo. Porque enquanto uma palmada forte, desaparece ao fim de umas horas, uns dias, uma palavra irá agarrar-se a qualquer parte do seu cérebro e ficar lá até ao dia da sua morte, a torturá-la e a manipulá-la da forma mais negativa que se conhece.

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