sexta-feira, 26 de julho de 2013

Conhece o teu silêncio...



Podia sentir as pedras desconfortáveis debaixo dos meus pés, mas era incapaz de sentir a dor que me rasgava em cócegas a sensibilidade. Era incapaz de parar a tortura daquele passeio húmido e sem segurança.  Hipnotizava-me no horizonte defunto, arrepiantemente solitário e vazio. O frio arranhava a pele, cortava as orelhas e fechava-me os olhos. A escuridão daquela praia confundia-se com a mente desfeita, chorosa, irrequieta, com as saudades de um beijo e entrelaçar de dedos. O inferno tinha tomado forma. Diante de mim dispersavam-se as nuvens mais brancas que papel, flutuando à minha volta como carrascos que me condenavam atitudes de gente sem cérebro.
O mar falava comigo. As suas ondas rebentavam levemente naquela areia lisa, e o silêncio do mundo observava a escuridão daquele momento único do pôr do sol. Sentava-se ele, de pernas cruzadas, contemplando o jardim que esquecia existir. Já não se recordava de que algures perdido neste ponto azul, existiam paisagens de tirar o fôlego, imagens poéticas que faziam chorar. Era essa a razão de as nuvens e o vento partilharem e criarem uma profundidade assustadoramente bela na imagem de um planeta perdido na escuridão gélida do espaço.
Dizia-me, o silêncio, que precisava de viver cada som, cada pedra, cada onda, cada arrepio na espinha, cada gesto do meu ser imperfeito. Cada beijo deve ser único, cada toque deve ser um abraço à alma, cada palavra um poema.

O "segredo" não é não te magoares, mas usares a dor para aprender e crescer.

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