terça-feira, 28 de maio de 2013

Sê meigo, sê gentil...


Caminhaste até à porta do quarto, e o meu coração já a mil, bateu outros mil. Senti-as mais duras, ela, cada vez mais quente e molhada. Estava nervosa. Mais nervosa do que tu, porque... sabes? Nós raparigas temos... complexos com o nosso corpo. Vergonha, medo que não gostem, que nos achem feias, que fiquem enojados e não queiram mais nada connosco depois de tirarmos as roupas, que vos escondem tamanhas imperfeições.
Sentia na minha barriga as borboletas e pequenos tremores pela coluna a baixo. O sangue espalhava-se com força, aquecendo-me. Suava ansiedade por todos os poros do meu corpo. Medo e desconforto prévio. Sabia que eras meigo, simpático e carinhoso comigo, com o meu corpo. Mostravas-lo todas as vezes que me falavas baixinho, ou sempre que me agarravas com aquela confiança ternurenta. Imagens dignas de filme. Mas não me sentia confortável, sabes? Era a nossa primeira vez, o que era muito mágico e especial para mim. Pelo menos para mim era. Gostava que também o fosse para ti. Não sabia se naquele momento a tua cabeça continuaria no mesmo sitio, ou se voaria da "razão" e do "presente", deixando-me amargurada, sozinha, ao frio, como tanto aconteceu com algumas colegas minhas. Não queria mesmo, mas mesmo nada que te tornasses num apressado egoísta. Bastou olhar-te nos olhos, que me acalmavam, para saber que estaria protegida.
O quarto tinha um silêncio estranho, mas extremamente provocador. Fazia-me ficar ainda mais atenta aos pequenos barulhos que a casa fazia. Pensava sempre que entraria alguém pelo quarto a dentro, o que me deixava incomodada, por saber que a privacidade num momento tão único como este, podia tornar-se nula de um momento para o outro, mas excitava-me saber que poderia ser apanhada.
Deste a volta à chave e trancas-te a porta. Sorriste e caminhando na minha direcção, tiraste a camisola vermelha. Desapertando aquela camisa azul que te fica tão bem, chegas-te mais perto, dançando levemente com a roupa, com o teu olhar, acabando com os teus lábios nos meus, deitados na cama. Sentias-me tensa , com receio e sorriste ligeiramente. Desceste a cabeça até ao meu umbigo, e com os lábios borbulhaste uma brincadeira. Senti as cócegas libertarem-me das correntes que não querias ver em mim. A pequena brincadeira abriu a caixinha tímida e fizeste-me sentir tua de novo, presente na tua vida, nas tuas palavras, nos teus gestos, no teu toque.
Ajoelhaste-te aos pés da cama. Receei. Pegas-te no meu pé como um príncipe calça uma princesa e beijaste-o gentilmente, sem pressas. Através dos teus lábios senti o reconforto do nosso primeiro abraço e do nosso primeiro beijo.
Não me abandones, agora que tudo parece ser tão mágico e perfeito! Não te percas de ti nem de mim. Quero sentir a tua voz no meu ouvido entrar como uma melodia, os teus olhos castanhos penetrarem-me a mente e cuidares de mim até ao fim, como uma flor dança com a brisa. Rodeares-me com os teus braços, sentir o coração palpitar no teu peito e sorrires. Sê meigo, sê gentil... por favor?
Levantaste-me a perna e muito devagarinho, quase como se tivesses a saborear um gelado, deslizaste a língua pelas costas do pé, perna e virilha. Os teus dedos acompanharam em sintonia, fazendo-me vibrar. Não eram cócegas, mas se tivesse que descrever, seria uma massagem agradável e muito divertida para os meus 6 sentidos. Sabias exactamente o que fazer. Era de loucos! Dominaste-me por completo. Sentia os teus dedos percorrem-me o corpo e a tua língua, o teu cabelo, o teu nariz, acalmarem-me o corpo tenso. Relaxei, fechei os olhos e deixei-me absorver pela massagem. As mãos de dedos compridos aproximavam-se, uma e outra vez, daquele local tão sensível, a provocar-me, a despertar-me de novo.
-- Amo-te. -- declaraste-te, deitado em cima de mim, fitando-me nos olhos. -- Amo-te tanto... -- e a tua mão passou pela minha cara, fazendo as tuas palavras e o tom de voz meigo e sincero, entrarem-me pelos ouvidos como um banho quente e lençóis aconchegantes. Soltaste uma lágrima. Permaneceste a olhar-me, choroso, e eu sem saber o que tinha feito. Beijaste-me, senti o salgado da gota tão preciosa e de seguida os teus braços à minha volta, que me apertavam de uma saudade que conhecia de cor.
-- Amo-te meu príncipe...

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Hoje, na nossa cama...
Passar a manhã e uma vida...
Boa noite amor...
Deslumbre de momentos esquecidos...
A nossa eterna manhã...

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