sábado, 9 de março de 2013

Nunca ter nascido...



Nunca ter nascido pode ser a maior bênção de todas. - Sophocles

Ao nascer não vives, e também não morres.
Mas não é pelo morrer, é pela morte que sofres desde que inspiras a primeira lufada de ar que te faz gritar, aos dias da velhice, se chegares lá, que te irão enjaular os ossos. Num corredor que se estreita a cada caminhada e não fica melhor do que quando eras criança. Porque até ser criança não é viver, não é bonito e não é extraordinário. Violações, atropelamentos, violência doméstica, namoros extremamente físicos, jogos psicológicos que te fazem curvar e aceitar qualquer coisa só para não estares para te chatear ou saberes que não te vão ouvir. Perdes sem saber, a vida que podias ter e ser. Não te tornas e deixas de ser.

Não tens história e não és diferente de toda agente, és igual, és mais um, um simples objecto da sociedade consumista que tanto adoras, ou que tanto odeias, tal como eu. A tua opinião não tem valor e só és alguma coisa aos olhos dos teus pais, e até a eles... te podes tornar na pessoa mais malandra ou mais aberrória que existe onde moras. Porque os filhos dos outros são sempre glorificados e tu vês-los subir, subir e nunca descer ou cair. Porque eles têm alguém que os segura e tu tens uma valente merda.
Não foi por teres nascido que és tanto como os outros, ou que os outros têm mais direitos, que os velhos sabem mais ou são mais. Querem-te impingir conhecimento que não te cabe ainda absorver e aprender, porque não tens idade, porque os tempos são outros e a tua vida ainda não caiu das tuas mãos para poderes aprender a "viver" na passadeira da "escola da vida" que te levará à morte certa.

E quando julgas que és alguém, que estás melhor, que fazes mais e tens mais valor, só te estás a enganar a ti próprio, porque na realidade, continuas a valer uma grande merda, és um/a badamerdas que não tem nada na vida. Tens boas notas ou nem isso, tens muitos amigos ou nem isso, tens um bom emprego, filhos, um bom marido ou esposa, uma carreira e vida invejáveis. No entanto... querem-te fazer passagens bonitas. Fazer-te tentar ouvir as "verdades" que são impossíveis de realizar. Ficas preso no bonito, no agradável, nas imagens e mensagens daquilo que a vida devia ser. És comprado e vendido a ti próprio, pela publicidade, de frases célebres só para que mudes o rumo daquilo que és. Mas não te adiante de anda. A nenhum de vós!
Não vais mudar o mundo e não vale a pena tentar. Se ofereceres uma moeda não ofereces a liberdade e não contribuis. À 200 anos que isso se anda a tentar fazer e não vês nada melhorar.

És mais uma daquelas/es que acreditam em tudo o que ouve e lê!? Acho melhor começarem a usar o cérebro. Se conseguirem, porque tê-lo enfiado no crânio, não significa que sejam melhores, que sejam iguais a mim, que mereçam se quer respirar ou existir.
Nunca terem nascido, grande parte de vocês e o mundo nem sentiria a vossa falta. Porque há pessoas invisíveis que contribuem, e pessoas desconhecidas que servem apenas de estatística.

Não tivesses nascido e não terias memórias, não terias medos, fobias, emoções ou raiva de veres pais matarem bebés. És um animal e negas com toda a força de que isso é verdade. Dizes-te uma pessoa, um humano. Que "somos" mais do que os animais, que pensamos, que temos consciência. Não podias estar mais errada. Inquieta-te que os animais se matem uns aos outros, mas é a "natureza" e aceitas. Lidas bem com isso apesar de seres a pior porcaria que caminha no planeta por achares que somos todos diferentes.
Porque te convém. Porque te é fácil. És contra o preconceito, e cada vez que sais à rua, preocupas-te em levar as meias da mesma cor ou de colocar o cabelo de uma certa maneira. Não é para ti, porque não vês um caralho, é para os outros. Para a sociedade.
E ainda pensas, que ler te transforma numa entidade superior, merecedora de que te respeitem as opiniões ou aquilo que dizes. Pensas que por teres boas notas, seres bonita, vestires-te bem ou a tua "relação" ser de príncipes e princesas, que és melhor, achas-te melhor e sobes enquanto cospes para trás. Mas escondes o escarro, só para não parecer mal.

É feio falar mal dos outros, criticar e apontar o dedo. É fácil, dizes tu. É muito fácil. Para mim é. Mas não há nada pior do que mal dos outros, do que fazê-lo só para não estar calado. Serei criticado, apenas e só, por quem se sentir incomodado. Por quem lhe servir a carapuça. A quem sentir na pele a verdade invisível que não querem ver, que não vêm e desconhecem por completo, porque usam palas nos olhos, como os burros e os cavalos, julgando que vêm o mundo por um todo e não por uma fresta. Que conhecem e sabem bem do que falam, que têm razão. Pior ainda, é quando acreditam em deuses. Achando que são amadas por maricas de barbas. Sim... porque maior do que o amor de um pai ou de uma mãe, é o amor de um deus mesquinho que não vale a ponta de um peido!

Posso, porque conheço, não tudo, mas o suficiente para ter opinião própria, para pensar por mim e por saber. Não é saber de conhecimento, de inteligência ou mais capacidade, é por saber ver.
Mas o que interessa isto? Nada.

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