Existe uma casa abandonada, para onde eu posso fugir. De mim. Onde posso estrebuchar e zangar-me. Rebentar e atirar às paredes com grandes ouvidos, as palavras que não autorizo que me saiam da boca.
Atiro as pedras para longe com a força que querer ir com elas. Com a garra de arranhar a vida na cara e deixar o seu peito a arder. Lutar contra ela e sair vitorioso. Ver a vida deixar de ser cabra e passar a ser justa. Sentar-me ao lado dela, lê-la, interpretá-la e tentar ser sua amiga.
Tenho uma casa, onde gente que gosta de me ouvir, me espera, quase todos os dias, com vontade de saber o que não interessa, o que não tem valor e o que não melhora a vida de ninguém. Não ficamos mais ricos, mais inteligentes ou mais corajosos. Comunicamos sem prazos, sem obrigações, sem cronómetros Abandonamo-nos entre os pilares que sustêm a velha casa e acompanhamo-nos mutuamente entre o soalho velho, enquanto o cheiro da terra e das árvores perfuma os corredores. O sol do inicio da tarde penetra pelas janelas e portas velhas. Uma sala antiga, ampla, de livros velhos e perdidos, no chão ou nas prateleiras com acesso a um jardim colorido, constrói o melhor cenário para contemplarmos a "vida" e representarmos os nossos erros mas também o sucesso do que somos.
Não sendo aquele espaço a nossa casa, podemos dançar, imaginar, correr, chorar e partilhar. No verão desdobramos o local todo com sessões fotográficas, de desenhos e pintura, ateliês de colagens e de poemas... de mil e uma histórias, contos e livros. O sol ilumina-nos o espírito, recarregando energias perdidas das saudades. Uma amizade que na realidade não existe... não tem emoções nem memórias. Uma amizade que se constrói nos momentos mais íntimos dos nossos fracassos, das nossas tristezas e solidão. Uma amizade montada paço a paço, sem manuais ou revistas, publicidades ou horóscopos sem concelhos publicitários ou promoções. Como um puzzle.
Vivemos a tentar ser a favor da corrente, pelo fácil e seguro, com medo de errar ou cair do barco. Teremos cordas e coletes, mas ser livre realmente, é poder chorar por algo tão simples como o pôr ou o nascer do sol... Maravilhoso, mágico, grandioso, gigante, colorido, quente, poderoso... Sentir no peito a força fugaz do bater de asas de uma ave. Ser livre e viajar, embalados numa canção que embale o ouvido e não o coração. Mas que crie uma revolta no nosso cérebro, capaz de nos fazer deslumbrar o mundo visível que tornamos invisível penosamente. Tornando, sem medos, o balançar da erva e das folhas das árvores na maior paisagem, na mais grandiosa criação da natureza, na colossal epifania sentimental, como se despertássemos de um sonho do qual não queríamos acordar. Uma visão aterradoramente platónica, poética... equiparando o respirar da natureza, nas profundezas longínquas do universo.
Existe um senhor, neste pequenino planeta, que todos os dias vive como se fosse a primeira vez... Cada olhar para o sol, as nuvens, o ouvir dos passarinhos e até a cara da sua mulher. Todos os dias vê o mundo, como se fosse a primeira vez que acordasse.
Existe um senhor, que não tendo memórias de quem é, de quem foi ou do que soube, tem, sem saber, o melhor presente que alguém da sua idade pode ter, num fim da sua vida. Um senhor cansado, que caminha para a morte, com o prazer de saborear o mundo tal como ele é. Epifânico...
Tenho uma casa, onde gente que gosta de me ouvir, me espera, quase todos os dias, com vontade de saber o que não interessa, o que não tem valor e o que não melhora a vida de ninguém. Não ficamos mais ricos, mais inteligentes ou mais corajosos. Comunicamos sem prazos, sem obrigações, sem cronómetros Abandonamo-nos entre os pilares que sustêm a velha casa e acompanhamo-nos mutuamente entre o soalho velho, enquanto o cheiro da terra e das árvores perfuma os corredores. O sol do inicio da tarde penetra pelas janelas e portas velhas. Uma sala antiga, ampla, de livros velhos e perdidos, no chão ou nas prateleiras com acesso a um jardim colorido, constrói o melhor cenário para contemplarmos a "vida" e representarmos os nossos erros mas também o sucesso do que somos.
Não sendo aquele espaço a nossa casa, podemos dançar, imaginar, correr, chorar e partilhar. No verão desdobramos o local todo com sessões fotográficas, de desenhos e pintura, ateliês de colagens e de poemas... de mil e uma histórias, contos e livros. O sol ilumina-nos o espírito, recarregando energias perdidas das saudades. Uma amizade que na realidade não existe... não tem emoções nem memórias. Uma amizade que se constrói nos momentos mais íntimos dos nossos fracassos, das nossas tristezas e solidão. Uma amizade montada paço a paço, sem manuais ou revistas, publicidades ou horóscopos sem concelhos publicitários ou promoções. Como um puzzle.
Vivemos a tentar ser a favor da corrente, pelo fácil e seguro, com medo de errar ou cair do barco. Teremos cordas e coletes, mas ser livre realmente, é poder chorar por algo tão simples como o pôr ou o nascer do sol... Maravilhoso, mágico, grandioso, gigante, colorido, quente, poderoso... Sentir no peito a força fugaz do bater de asas de uma ave. Ser livre e viajar, embalados numa canção que embale o ouvido e não o coração. Mas que crie uma revolta no nosso cérebro, capaz de nos fazer deslumbrar o mundo visível que tornamos invisível penosamente. Tornando, sem medos, o balançar da erva e das folhas das árvores na maior paisagem, na mais grandiosa criação da natureza, na colossal epifania sentimental, como se despertássemos de um sonho do qual não queríamos acordar. Uma visão aterradoramente platónica, poética... equiparando o respirar da natureza, nas profundezas longínquas do universo.
Existe um senhor, neste pequenino planeta, que todos os dias vive como se fosse a primeira vez... Cada olhar para o sol, as nuvens, o ouvir dos passarinhos e até a cara da sua mulher. Todos os dias vê o mundo, como se fosse a primeira vez que acordasse.
Existe um senhor, que não tendo memórias de quem é, de quem foi ou do que soube, tem, sem saber, o melhor presente que alguém da sua idade pode ter, num fim da sua vida. Um senhor cansado, que caminha para a morte, com o prazer de saborear o mundo tal como ele é. Epifânico...
O Sol nasce, o Sol morre... e tudo recomeça de novo.
Seremos para sempre crianças ingénuas...
"Sê diferente, mas consciente!"
"Sê diferente, mas consciente!"
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