À minha volta, toda a gente parece ter razoes para ser feliz... toda a gente excepto eu.
Sinto o cheiro do medo escapar-me do corpo... um cheiro espinhoso, que se sente a metros de distância.
Queria ser feliz, toda a gente quer... é verdade, mas pelo menos só feliz.
Não sinto amor, não sinto felicidade, nem amizade, nem simpatia... não sinto um beijo nos meus lábios, um cheiro pelo qual me apaixonar. Não vejo nem sinto a felicidade, um objectivo realizado, ou um simples abraço daquele beijo e cheirinho que me faz sonhar... se ao menos tivesse um...
Sinto ter uma vida enfadonha... sem vida, sem o "natural", sem o que é "normal" nesta sociedade, sinto pressões, consigo cheirar as ambições. E eu... e EU? O que sou?! O que faço?
-- Nada. Não fazes nada da tua vida. És um como um rato. Dormes, comes e cagas, nada mais.
Às vezes sinto que faço alguma coisa... o que faço de errado? Ou sou eu o erro?! Talvez seja então esta a razão dos beijos desaparecerem, com o perfume e os abraços, trocados apenas por palavras sem sentimentos... quase como... "onde me estava eu a meter...".
Sou eu o problema... uma morte rápida, anseio à muito a escuridão. Toda a vez que caiu... levanto-me, monto-me na minha bicicleta, e então recomeça... eu acho que aprendo algo de cada vez que toco no chão. O que falta? Desisto de tudo à tanto tempo... mas continuo a lutar, sem saber ainda, contra o quê, ou a favor do quê... De filhos! Pelos meus filhos. De uma vida... com amor. Queria ser feliz. Mas sempre que monto na bicicleta, a queda parece inevitável, aprenda o que aprender... sou eu que não sei pedalar? Sou eu então um problema da educação que tive? Eu todo sou um erro! Um erro grande que assumo.
Quero saltar fora do barco, mas...
Será das músicas? Ou da falta delas? Será por não ter amigos? Por não ler? Por não ser abrangente? E menos selectivo... Será das roupas? Do cabelo? Da barba? Será talvez, e aí sim então terão talvez razão, a minha maneira de pensar. Será talvez a minha maneira de ver as coisas? De as sentir? Talvez por ser burro?
Por não estudar o suficiente ou por não me esforçar... Talvez por não viver um pouco como os outros? O que é? Será por causa de tudo isto?
Qual é a razão? Tem de haver uma não é?
Algo que sempre fui, ou consegui ser "muito bem", e até aqui tenho as minhas dúvidas... para falar a verdade, acho que tenho sempre dúvidas... Sempre fui aquele rapaz "estranho", com quem falar. Deixem-me dizer-vos uma coisa que talvez já devam saber... Na universidade encontrarão com 100% certeza absoluta, rapazes bem mais interessantes do que eu. Mais bonitos, mais atraentes, muito mais inteligentes e capazes. Encontrarão alguém que ambiciona ser pai, todos acho que ambicionam, apenas uns mais do que outros. Encontrarão alguém que sabe falar melhor, escrever melhor, que estuda, que se aplica, que sonha, que cria meta e objectivos, que fala e conversa sobre coisas muito mais interessantes e cativantes, que sabe o que quer, que ouve música de jeito, que se veste extraordinariamente bem, e que possui um QI invejável.
Na universidade... irão encontrar um amigo. Um parceiro ou parceira. Alguém ainda mais único do que qualquer pessoa que possam ler na internet. Se somos todos únicos? Uns mais do que outros... se eu sou melhor? Já vi quem seja melhor do que eu. Mas sinceramente, não é preciso ser-se melhor do que eu. Uma rapariga quer um homem com futuro. Não quer um homem que não sabe ser homem. Um homem que chora, um homem que se perde, que só consegue sonhar, que não objectiva nem realiza nada. Querem um homem que estude, que se esforce, que tenha futuro, e principalmente dinheiro. Um pai tem de ser inteligente, mas isso encontra-se às carradas na universidade.
E agora que penso nisso, talvez pais "normais" que saem, que bebem ou fumam, que socializam e têm carrada de amigos, saberão educar melhor os seus filhos, do que eu, que sonho em aprender mais, em ler, em ver, em sentir, em aprender, para que tudo o que lhes dê não seja em vão, mas com um objectivo de os ajudar a crescer. Mas... só posso sonhar. Sempre que desejo comprar algo, racionalizo se realmente preciso, se me faz falta, ou se não passa do desejo consumista. Como escrevi num post "
Por não ter dinheiro...".
É como sonhar que vou poder comer um balde de pipocas, mas de repente percebo que os meus pais não me o vão comprar porque é pura gulosice. O que não deixa de ser verdade... Preciso mesmo das pipocas? Sabem bem, mas e depois? Acabam-se em 5 minutos e gastas-te 3€. E com os 3€ compravas leite e pão. E com mais 1€, talvez fiambre e queijo. E com 4€ ou 5€, fazias uma refeição que te podia durar pelo menos 20 minutos, e ficarias mais satisfeito...
Será um problema meu? Racionar dinheiro, racionar pensamentos, racionalizar tudo o que compro e desejo.
O que é a minha vida então? Não a tenho se for a ser sincero. Se for verdadeiro comigo mesmo... não tenho vida. Não tenho nada pelo qual lutar, a não talvez por um amor que não conheço, ou uma vida que ambiciono, destruída pela racionalização de coisas com o qual nunca lidei. Se eu quero ser melhor?
Eu já o desejei, já me esforcei, até que me apercebi de que enquanto eu estava a tentar SER já muita gente o era à muita tempo. De que adianta então, se não vou ser melhor, se não vou ser formidável ou inteligente? Se não vou ter ninguém para amar e dar amor. Uma vida perdida é o que vos digo... desabafo então será.
O que se passa comigo? Porque sinto tanta culpa, e só consigo ver metade...
Não estou pronto para nada, e se não tentar, não estarei pronto para absolutamente mesmo nada. Gostava que fosse diferente... não digo "quero que seja diferente", porque isso é implícito, é algo que nasce em mim, mas que se evapora juntamente com o medo... o que posso fazer? Farei apenas o que sei, mas não me posso singir apenas ao que sei, ao que gosto, ao que faço melhor...
Não sei amar, não sei estudar, não sei trabalhar, não sei ser responsável, não sei ser homem, não sei ser adulto e decidido. Sei ser criança, malandro, desinteressado, desmotivador, incapaz, triste e infeliz, ignorante, irresponsável, brincalhão, sem personalidade... Não aprendo, assim parece.
As emoções afectam-me o estado de espírito, também a vida leva a sua dose de chapadas e pontapés.
Envolvo-me demais, desejo de mais... apenas algo que nunca tive...
Resumindo e concluindo o auto-explicável... na universidade existe e sempre irá existir alguém melhor do que eu, mais bonito, mais inteligente, mais capaz, mais pai, mais amoroso, mais carinhoso, mais respeitador, mais sensível, mais homem, mais adulto e responsável... Se encontram, e encontrarão de certeza, não percam o vosso tempo comigo, não me queiram como amigo, nem como namorado, ou marido ou pai dos vossos filhos, deixem de me ler, de falar para mim ou de me ouvir...
Arranjei uma razão para morrer... e sei então, que não estou a fazer falta nenhuma ao mundo. Não o melhoro, não faço nada, apenas o critico. Não sou melhor que ninguém e nem sei amar...
Arranjei uma razão para morrer... finalmente.
Será de mim?
O que será de mim?
O que será sem mim?
-- As coisas continuarão como são, quer estejas vivo ou morto. A tua morte será uma pena, não uma perda! Deves pensar que fazes falta a alguém ou ao mundo! Enfim...
Vejo-vos do outro lado... assim espero.