quinta-feira, 16 de julho de 2015

A menina da escova...



Tenho tido a sorte única, no meu local de trabalho, de interagir com crianças entre os 3 e os 5 anos.
Hoje uma delas correu para mim na esperança de lhe secar e escovar o cabelo. Não é traquina, não é irrequieta, não é autoritária nem rabugenta, é criança! É mexida, é energética e curiosa; Um doce de criança, que não pára de me fazer perguntas sobre as coisas que vê, ou de trazer sempre o nariz cheio de macaquinhos.
Junto de mim e de escova na mão, a Maria, debruçou-se sobre a porta ao meu lado, batendo-lhe com a escova como se fosse um xilofone, e coloquei-me de joelhos atrás dela, para poder estar mais perto do cabelo. Do nada, sentindo o meu joelho mesmo à mão de semear e ao nível dos seus joelhos, aproveitou a oportunidade única e sentou-se na minha perna. Lá balançou um pouco enquanto eu tentava manter o equilibro e lhe secava o cabelo. Não foi tarefa fácil... Mas soube-me tão bem! Era uma dor agradável, por estranho que pareça. A experiência de sentir o seu peso, o seu rabo e corpo aconchegarem-se na perna trémula e nada preparada para 20kg de "rebeldia" fizeram crescer um bocadinho mais o pai que tenho dentro de mim. Fez-me sorrir, e pelo sim pelo não, nesse momento ganhei o dia.
Volta e meia perguntava-me o "o que era aquilo", ou o mais engraçado: pedia-me para se sentar de novo. Senti-me em parte pai. Um pai presente na vida dela, nas suas experiências, brincadeiras e mais importante: nas suas perguntas! Tirava tempo do secador para a ouvir, aproximando-me de si enquanto esticava o dedo a uma etiqueta.
A Maria não é a única felizarda a ter parte do meu tempo e atenção. Sim, sei que o simples facto de não passar 8h em redor de 20/30 crianças me deixa mais livre, mas gosto de me dedicar a cada uma das que passa por mim, por muito pequeno que seja a interacção.

Em conversa com uma amiga, desabafava a minha timidez e o medo com as crianças. Nunca estive na situação de tomar conta de crianças e bebés; Havia sempre alguém responsável por perto. Tenho pena de não ter o mesmo à vontade que muitas raparigas mais novas, e tenho muita inveja de quem teve e cuidou de primos e irmãos mais pequenos. A única base e confiança que tenho, adquiri com longas observações da interacção de pais com os filhos, com familiares, muitas perguntas, revistas e livros. Ainda assim, hoje a Maria ajudou-me a abrir um pouco mais a porta da confiança, a porta do desejo de ser pai e de ter um filho.
Só o facto de escrever e pensar sobre tudo isto me enche o peito de uma alegria indiscritível que nunca tive a oportunidade de sentir. O seu corpo junto ao meu enquanto se sentava na minha perna ou me fazia perguntas... A dedicação que eu próprio lhe dava, a atenção para os pequenos pormenores que ela não reparava, os deliciosos momentos em que lhe respondia e incentivava a fazer as coisas. O meu lado maternal e paternal a falarem tão alto que eu próprio me sentia e sinto feliz por ser assim.

3 Questions to Ask Your Child Every Night

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Um dia...
Um momento para mais tarde recordar...
Um momento para mais tarde recordar... [2]
A voz que me encanta...
Adivinha o quanto eu gosto de ti...
A criança reconhece...
Entretida no teu colo...
Um presente diferente...
Mamã, mamã!
Mais do que uma história...
Um berço...
Hoje...

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