domingo, 18 de janeiro de 2015

A beleza no teu rosto...


Poderia dizer que passei por ti, meio distraído, mas estaria a mentir. A enganar a memória que revejo toda as vezes que passo pelo banco em que te vi sentada, a observares o mundo, a lê-lo, a interpretá-lo, a ouvi-lo e a senti-lo. Querias transformar-te e perderes-te no ar que se invade de sons que as aves compõem e as árvores acompanham.
Olhei-te, hipnotizado, arrebatado pela beleza de que te compunhas. A face perfeita, que me ensandeceu o instinto primitivo, feminina e de expressão gentil, virou-se para mim. Os teus olhos grandes defrontaram os meus e erguestes as finas e longas sobrancelhas, perplexa de desejo estampado nos lábios. Lábios pintados de um vermelho tão intenso como o teu corset, floreado e ornamento. Chamava-os, desejava-os, num ardente e eloquente beijo, intenso de saudades e prazeres.
Respiravas calmamente, de coração aos pulos e de língua nos lábios, as mãos irrequieta-mente paradas sobre a tua saia, pestanejando imperceptível-mente uma luxuria e delicadeza perdida no tempo das civilizações.

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