Adoro o silêncio das crianças mortas. Dos corpos espalhados pelo recinto, onde as bolas rolam com o vento e os baloiços não me chiam aos ouvidos. As mãozinhas ensanguentadas e os corpos defuntos no asfalto, soltam um cheiro suave que me acaricia o nariz, como perfume, e se entranha em mim através dos poros da pele, que amacia em cada respiração.
O chão pinta-se de vermelho, de pequenas poças que dão cor à prisão depressiva. Pinto a minha cara com ele, o meu corpo, e saboreio-o. Esqueço-me sempre que não tem sabor diferente do de uma mulher, mas o fruto proibido sabe sempre melhor. Sinto nos lábios, na língua, no corpo, o tabu, o amor, a ignorância...
O recreio não chora, canta.
A vida não se foi, aproximou-se mais da morte.
A imagem que se criou na minha mente ao ler este texto foi deveras assustadora...
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