domingo, 14 de setembro de 2014

Um dia quero contar-lhes as nossas histórias de amor...


Vi a tua face no espelho, de olhos distraídos na pia do lavatório, esfregando os dentes com a escova. Os lábios carnudos, onde tanta vez me perdi, cobriam-se da espuma que me fazia lembrar os restos na encosta da praia.
Uma brisa leve bateu nos teus cabelos e abriste os braços, sentindo a força no peito onde tanta vez adormeci. Quiseste voar. Levantar os pés do chão e despires de ti os medos que te prendiam a um planeta que não te compreendia. Olhas-te-me, sorridente. As pequenas ondas cobriam a areia, trepando pelas tuas pernas acima, tocando no teu vestido e na tua essência, como crianças que pedem colo.
De lábios selados, imitaste um beijo. Os olhos fecharam e um sorriso cresceu de novo no teu rosto. Mágico... nem o pôr do sol se comparava à tua presença naquela praia, iluminada de uma maneira que só acontecia uma vez em cada alinhamento celestial.

Aproximei-me, abraçando-te por trás. Um beijo doce no pescoço, uma caricia nas mãos e entrelacei os dedos nos teus. Saboreei a ponta da orelha e segredei ao teu ouvido:
-- Continuas incrível! -- trocámos olhares através do espelho e pousaste a tua mão na minha cara, sentindo a barba.
-- Amo-te!

Um dia quero cantar para os nossos filhos até adormecerem. Contar-lhes as nossas histórias de amor e as recordações que guardamos com tanta dedicação.

Não chores, pelo menos eu vou continuar à tua espera...

2 comentários:

  1. Paulo, que texto maravilhoso! Espero que um dia consigas viver isto que escreveste. Espero que um dia possas contar aos teus filhos uma linda história de amor :)

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    1. Obrigado, também espero um dia ter essa oportunidade. :)

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