Virou-se de novo na cama e levei com os cabelos na cara. Perfumados, gentis, como uma mão leve no meu rosto. Devagarinho, como um murmúrio, abracei-a repousando a minha mão na sua barriga e beijei o pescoço desprotegido. Riu-se. Encolheu os ombros com cócegas e virou-se para mim de sorriso meigo no rosto, uma mão entrelaçou-se debaixo dos cobertores e a outra afastou um cabelo do rosto com dois grandes olhos dorminhocos. Acordei-a. O sorriso acalmava-me, prendia-me à cama que se aquecia entre as cortinas afastadas, por um sol renascido, quente, vibrante e primaveril.
Com a pele exposta, recarregou as energias como um girassol e espreguiçou-se esticando os braços no ar. De barriga exposta, o umbigo redondinho tornou-se alvo de pequenos beijos, lambidelas e algumas cócegas que a fizeram decompor-se em gargalhadas contagiantes. Sentia-mos-nos crianças outra vez.
Os braços caíram sobre os meus ombros, enrolando-se à volta do meu pescoço como tentáculos de peluche e beijou-me a testa, o nariz, as bocejas, os lábios, o pescoço... devorou-me gulosamente. Os seus dedos dançaram sobre o meu rosto, enquanto as minhas mãos decoravam a sua face, criando uma imagem negra da sua cara perfeita. Tenho medo de quando perder a minha visão e deixar de ver a tua cara. Tenho medo quando perder a audição e deixar de ouvir a tua voz. Tenho medo de morrer e deixar para sempre de respirar ao teu lado, de rir, sorrir, beijar, amar-te, conhecer-te, proteger-te, tocar-te, sentir-te, assim como és, perto de mim.
Sabe tão bem acordar ao teu lado...
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