Ernst atravessou a biblioteca, colando o olhar ao de Catherine, a bibliotecária alta e extremamente tímida.
Não sabia o que fazer. Estava em pânico e o balcão à sua frente não ajudava muito a sua confiança. Meia trémula e apavorada, de um lado para o outro, tentou desviar o olhar sobre uns livros empilhados, mas a postura de Ernst, com os olhos focados no seu corpo, não a impediram de espreitar, por entre o cabelo, aquele rapaz confiante, lindo e destemido a caminhar na sua direcção.
-- Olá, boa tarde. -- ofereceu-lhe Ernst, poisando alguns livros.
-- Boa tarde. -- gaguejou Catherine. As bochechas já rosadas escondiam-se atrás do cabelo loiro longo e liso. -- É para levar? -- perguntou sem o olhar.
-- Sim. -- confirmou, tentando encontrar os olhos da trémula rapariga.
Passou os livros no leitor de barras e devolveu-os ao pedaço de homem que lhe estava a tirar as forças das pernas e da fala.
Passou os livros no leitor de barras e devolveu-os ao pedaço de homem que lhe estava a tirar as forças das pernas e da fala.
-- Catherine? O que fazes mais logo?
-- Eu? -- a lingua enrolou-se e gaguejou muito nervosa. -- Eu... Não sei... Vou para casa.
-- Não me dispensas cinco minutos da tua companhia?
Devidamente informatizados, entregou os livros a Ernst. As bochechas coradas aquecia-lhe a face e as orelhas pareciam inchar. O coração palpitava, o peito custava a encher e as mãos tremiam nervosamente segurando uma caneta.
-- Respira fundo. -- segurou-lhe a mão e a esferográfica num só movimento. -- Não há razão para uma rapariga como tu estar nervosa.
-- Não estou. -- desculpou-se, olhando-o nos olhos por breves momentos. A sua mão continuava presa pela confiança do rapaz, e tão cedo não a forçaria para que fosse livre novamente. O toque dos seus dedos nos dela, quase entrelaçados, combinando a firmeza dele com a pele sedosa dela, fazia-lhe crescer entre as pernas e na ponta da lingua, um desejo ardente de ser atacada por tudo o que compunha o rapaz. Desde o seu físico à sua personalidade e mistério.
-- Telefona-me quando estiveres pronta. -- pediu Ernst com um olhar sereno.
Catherine não respondeu nem acenou com a cabeça. Ficou a olhar para o número na palma da mão. Uma caneta bateu-lhe nos dedos e caiu na mesa logo abaixo. Ernst tocou-lhe com um só dedo no anelar. Nesse mesmo instante, Catherine olhou-o nos olhos e vislumbrou um sorriso, seguido de um piscar de olho. O rapaz virou costas e saiu com os livros debaixo do braço. Em choque e com a vergonha a entupir-lhe os ouvidos, deixou-se ficar a olhar para ele, já do outro lado da janela, enquanto uma rapariga da idade de Ernst aguardava a vez de ser atendida.
A campainha tocou e o transe desfez-se. Das seis horas que lhe restavam do dia de trabalho, Catherine iria passar os seus olhos mais vezes no número de telemóvel tatuado na sua mão do que no Enter do teclado.
O seu primeiro dia de estágio acabara de se tornar ainda mais inesquecível!
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