terça-feira, 7 de abril de 2015

Uma sombra cintilante de ódio abraçou o horizonte...



Foi num dia, quando o amor deixou de ser correspondido, todos os beijos e carinhos se transformaram em espinhos venenosos, que a morte se aproximou; Tocou-me nos cabelos compridos e deu-me a beber a solidão, a tristeza, o sofrimento e o frio que gelou o meu coração, a minha lingua e os meus olhos. Pouco tempo depois veio a depressão, como uma capa pesada sobre o meu corpo, que tirava pensamentos negativos das mangas e me enchia de dor o corpo pálido de vampiro que abominava a luz do dia, as conversas com os amigos e a ignorância de frases feitas.
Como é bom odiar os outros e desejar-lhes a morte!
Como é bom sentir o pânico da mente encurralada neste corpo em auto-destruição.
Como é bom saber que todos os dias te deitas sozinho, sabendo que és incapaz de amar alguém e em que começas a duvidar de que consegues de facto mostrar carinho por outro.
Como é bom ser olhado sem precisar de falar, sem precisar de sorrir, e ver na cara dos personagens da minha vida putrida e podre o sofrimento que vêem estampado no meu rosto, nos ombros caídos, derrotado e desistente.

Foi o tempo mais negro e obscuro que atravessei com a minha mente. Foram os anos mais longos de agonia profunda e de um prazer sublime que ninguém entendia. Foi o poço mais fundo que escavei e pelo qual me deixei engolir vezes e vezes sem conta.
Não há alegria que me igual o sofrimento.
Não há cores que me igualem as das paredes do buraco da morte.
Não há palavras, mas existem sonhos demoníacos!
Existem infernos que me conquistaram o espírito da alma moribunda e decadente onde me deixei decepar, rasgar e gritar pela angustia.
Existem horrores que me vergam as costas em cortes profundos que ninguém quer beijar, que ninguém quer ouvir.
Os outros sofrem de tristezas, de abandonos e infelicidades; Choram-nas, mas não lhe sabem dar valor. Acarinho a morte no meu colo. Afago as vestes com as minhas mãos trémulas de nervosismo e ansiedade e conto-lhes as amarguras e animosidades que vivo nos meus sonhos. As profundezas torcidas do meu peito, do meu Eu, de mim, contorcem-se com o respirar leve da criança nos braços. Sou pai do maior assassino da história! Pois todos os dias me mato e torturo em instrumentos e palavras de dor infinita.

À medida que a luz consome o meu corpo neste inferno de tortura, eu riu de mim mesmo.

2 comentários:

  1. Não tens que te deixar morrer. Sabes bem disso.

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    1. Deixar-me morrer, é uma parte importante para poder crescer e sentir na pele o valor das coisas pequenas.

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