O sol voltava a espreitar entre o nevoeiro derrotado pelo vento enquanto devorava o primeiro pão e metade do copo de sumo. À sua frente sentava-se o avô com um voraz apetite por geleias trincando lentamente o pão quente e caseiro cujo cheiro se entranharia na camisola que mais tarde o ajudaria a adormecer no sofá velho em frente à lareira. Penduravam-se na parede pequenas molduras carregadas de memórias e de um pó que fazia parte da história de toda aquela casa, daquela divisão. Pessoas defuntas, filhos emigrados e acontecimentos já esquecidos.
Com as energias recarregadas, calçou as botas de borracha e correu atrás da avó que carregava um pote com comer para os patos e as galinhas. As vozes dos animais mordiam-lhe o peito. Chamavam-na, inquietos, por um pequeno almoço de legumes e vegetais. Já não ficava a olhar de longe, aproximava-se com firmeza daquelas criaturas à solta e atirava um punhado de alimento ao ar, uma e outra vez, semeando com um pouco mais de destreza que a sua avó, que já curvada sentia dificuldades em fazer tarefa tão fácil.
-- Trás-me seis ovos Sofia. -- apontou a avó para a gaiola das galinhas. A neta entrou devagar, afastando com o pé alguns pintainhos do caminho e procurou no largo ninho. Ao sair, trazia na mão quatro ovos ainda quentes. A tonalidade rosa em contraste com a sua palma da mão e o peso em forma de pêra que quase lhe escapava pela ponta dos dedos fizeram-na bater ligeiramente com a cabeça ao sair do hotel empalhado. De balde numa mão e os ovos noutra, juntou os nós e colocou cada um deles com cuidado no fundo do balde.
A sua avó, sem mais nada a fazer por ali e depois de dar água ao porco, voltou para casa, deixando a neta para trás, que se admirava com o bicar dos patos sobre o milho. Foi seguida durante alguns metros até que os passos se tornaram numa pequena corrida que nenhum dos coelhos se dignou a igualar. Os olhos negros e pequenos, de dentes pequeninos sobre alguns pequenos pedaços de cenoura, observavam-na correr de sorriso gentil no rosto e com os cabelos ao vento, num movimento físico que os deixava hipnotizar. Saltava nas nuvens, assim lhes parecia.
-- Trás-me seis ovos Sofia. -- apontou a avó para a gaiola das galinhas. A neta entrou devagar, afastando com o pé alguns pintainhos do caminho e procurou no largo ninho. Ao sair, trazia na mão quatro ovos ainda quentes. A tonalidade rosa em contraste com a sua palma da mão e o peso em forma de pêra que quase lhe escapava pela ponta dos dedos fizeram-na bater ligeiramente com a cabeça ao sair do hotel empalhado. De balde numa mão e os ovos noutra, juntou os nós e colocou cada um deles com cuidado no fundo do balde.
A sua avó, sem mais nada a fazer por ali e depois de dar água ao porco, voltou para casa, deixando a neta para trás, que se admirava com o bicar dos patos sobre o milho. Foi seguida durante alguns metros até que os passos se tornaram numa pequena corrida que nenhum dos coelhos se dignou a igualar. Os olhos negros e pequenos, de dentes pequeninos sobre alguns pequenos pedaços de cenoura, observavam-na correr de sorriso gentil no rosto e com os cabelos ao vento, num movimento físico que os deixava hipnotizar. Saltava nas nuvens, assim lhes parecia.
Que imagem tão doce tu conseguiste criar! Maravilhoso texto.
ResponderEliminarUau, obrigado! ^^
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