terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A objetificação da Mulher e do Homem na sociedade e em contexto de Violência Doméstica... [2]

A objetificação da Mulher
Através dos vários meios de comunicação social




A "depilclub.pt" está a fazer uma campanha até ao fim deste ano (2014) com o título "Movimento nacional "Mulher sem Bigode"".
A objetificação da mulher, não passa apenas pelo uso do seu corpo em pornografia "hardcore", em que ela é usada e abusada como se fosse simplesmente um objecto de puro prazer nas mãos do homem. A mulher, em grande parte dos casos, aceita a sua condição de princesa junto do seu principe que governa o reino. E ela, através dessa auto-autoridade que lhe é concedida por casar e ser esposa do "rei", faz-se ela própria rainha das coisas que a rodeiam. A mulher gosta de mandar, tanto como o homem, apesar de saber que o homem, rei, tem mais poder do que ela, porque tem mais força e é quem toma as decisões mais difíceis. (não estou a supor, pois era assim que funcionava no sistema feudal de à 500 anos).
Para além deste movimento de "Mulher sem Bigode", existe também por parte das revistas de beleza e de moda, a área da publicidade dedicada à "beleza" da mulher. Cremes para a cara para as tornar mais novas do que realmente são. Para tornar a sua pele mais lisa e menos enrugada ou "velha". Perfumes que atraem os homens, ou um estilo de roupa -- look visual -- para realçar certas curvas do corpo, como o rabo, as ancas, as pernas (tornozelos), o peito ou a barriga. A juntar a isso, vem também a maquilhagem para realçar a cor dos olhos, o tom da pele, as maçãs do rosto, as sobrancelhas ou os lábios carnudos. Para além disso, ainda se vende soutiens e cuecas "push-up", que ajudam a falsificar a beleza natural do corpo de uma mulher. Porque se cada mulher é "única", como o é a vagina, cada peito e cada rabo deveria ser individualmente apreciado. Só que existe uma "obrigação" social, implícita e explicita em cada foto de roupa interior, roupa casual, roupa formal, filmes, novelas, músicas e literatura que provoca e cria na mente das mulheres a falsa necessidade de pertencerem ao grupo de mulheres que existe ou que julgam existir na sociedade. Uma sociedade repleta de mulheres perfeitas, em que todos os rabos e peitos são grandes já por natureza e que não precisam de usar "push-ups", pequenas almofadas ou papel higiénico para os tornar maiores.

"In the case of humans, both the female breast and the male penis have been enlarged by sexual selection to a degree that seems absurdly nonfunctional. The chimp penis looks like a skinny pink three-inch nail. The gorilla penis is even stubbier, only an inch and a half long! Compared with them, the human penis is gargantuan, 10 to 20 times the volume when erect. And out of roughly 4,000 mammal species, only human females have prominent breasts when not lactating. Which argues that for quite a long period of time in our evolution, both men and women – or proto-human males and females – were heavily selecting mates for appearance."

Em: Humans: A Thoroughly Mixed Up Species

História da Depilação

A eliminação do excesso de pêlo com fins estéticos e/ou de higiene pessoal, remontam ao ano 1500 a.C., em que os homens já removiam pêlos com um depilador feito de sangue de diversos animais e outras substâncias já então utilizadas. Os romanos também se referem a composições depiladoras, algumas das quais contendo soda cáustica como ingrediente utilizado para remoção de pêlos. Cleó- patra tirava os seus tão indesejáveis pêlos com faixas de tecidos finos banhados em cera quente.

A electrólise é dos métodos mais antigos utilizados na remoção de pêlos. Foi testado há mais de 100 anos para remover pestanas encravadas, que provocam excessiva irritação. Variadíssimas áreas do corpo podem hoje ser tratadas com electrólise, tais como sobrancelhas, rosto, coxas, abdómen e pernas.

Embora os depilatórios químicos sejam considerados uma intervenção contemporânea, o processo para a remoção dos pêlos através de decomposição química surgiu na Antiguidade. Na realidade, durante séculos o seu desenvolvimento ficou adormecido e diversas outras alternativas foram introduzidas.

Hoje utilizam-se variadíssimos métodos na depilação temporária, entre os quais a depilação a cera, a mais utilizada, a lâmina, cremes depilatórios e depiladores eléctricos domésticos.

No entanto, seja qual for o método utilizado, os pêlos nascem mais fracos e finos, cada vez que repita o processo. Porém essa diminuição só pode ser considerada significativa depois de muitos anos de depilação. Hoje em dia, os dois únicos processos comprovadamente eficazes na depilação definitiva, são a depilação a laser e a eliminação do pêlo por electrólise ou electrocoagulação. As Clínicas Elizabeth Ministro disponibilizam os mais recentes processos de tratamento, utilizando equipamentos certificados e de última geração.

Fonte: História da Depilação  [editado: 02/01/2015]

A depilação, entra também nesta área da beleza física, exterior. Torna a mulher mais "simples", mais "doce", mais "fácil", mais "limpa" e "cheirosa". Certo? Sim.
Foram-se os pêlos. A "imagem de marca" dos homens, que demonstra virilidade e masculinidade, mas as rosas e os enfeites ficaram. As rosas no cabelo, os brincos, os perfumes, os olhos grandes realçados pela maquilhagem, o peito e o rabo grandes para atrair mais machos, pois mulher com peitos grandes fornecem mais leite e as mulheres de rabo "grande/firme" têm uma saúde melhor. Duplamente significando que têm bons genes. É, ao fim e ao cabo, uma dança de acasalamento que se vende em todas as revistas de beleza e moda. O mundo rege-se então pelo sexo, pela sexualidade explicita que se confirma em cada vídeo de música, ou as colecções de roupa que vão surgindo nas lojas.
A mulher, por "lei" social é "obrigada" a ter uma imagem idealizada pelas grandes empresas que geram biliões todos os anos. E todos os anos criam uma nova moda visual. Um novo tom de cores, um novo corte de cabelo e um novo "look" nas roupas e sapatos. Tudo em nome da sexualidade feminina. Tudo para que se sintam mais mulheres, mais sexys, mais livres, mais provocadoras e mais dominadoras. Vendem-lhes as atenções com um decote em V ou uns saltos altos com um estilo mais feminino. E sem se aperceberem, compram e vendem-se pela imagem que lhes foi dada e vendida ao longo do ano e dos anos, desde que são meninas até à altura em que se tornam mulheres e "independentes".

Bastam apenas 30 segundos para uma marca influenciar uma criança. (1:38)

Em: Criança - A alma do negócio

Esta objetificação da mulher, que se dá em todo o lado, é algo que elas já não querem prescindir. É algo que julgam ser natural, e seria muito anti-natura se deixassem os pêlos das pernas crescer mais do que x milímetros. São incapazes de prescindir sair à rua de saia ou de ir à praia de bikini, sem fazer a depilação. Porque, por palavras delas: -- "Parece mal, fica mal, não é sexy, não é bonito".
O mesmo acontece com os perfumes e os desodorizantes. Tudo invenções comercializadas à relativamente pouco tempo, depois de terem vendido a ideia que as pessoas precisam de esconder o odor corporal que o próprio corpo segrega para atrair o sexo oposto. Deixando a mulher de ser um animal natural, com os seus odores, para passar a ser um perfume de rosas andante que intoxica a mente "sexualmente activa" dos homens.
Tudo não é então, repetindo-me de novo, uma sexualização "imperceptível" da mulher; Do seu corpo. E sendo o exterior a coisa que mais se vende e comercializa no mundo social, e tendo as mulheres o único órgão sexual que satisfaz o homem, desde o seu cheiro, sabor, aparência, e a húmidade que rodeia o pénis durante e depois da penetração completa, é mais do que natural, vender toda a perfeição da mulher, para que os homens tenham relações sexuais com as suas vaginas.

Sexo move o mundo.

A mulher não sofre apenas de objetificação pornográfica de tudo o que a compõem. "Sofre" também do estigma psicológico e emocional, que se tem vindo a perder ao longo dos últimos anos para dar lugar à imagem de uma mulher mais independente, com força, com objectivos, com domínio, e capaz de escolhas; Ao contrário da mulher frágil, fácil, tímida, submissa, doce e ingénua que se vendia por parte da sociedade/industria, há não muitos anos atrás.

A mulher de hoje já não é ingénua, tem estudos!
A mulher de hoje já não é "doméstica", é profissional!
A mulher de hoje já não tem filhos, tem uma carreira!

É importante referir que a mulher perfeita foi re-idealizada várias vezes ao longo da nossa história. Não só a sua imagem -- aparência física -- mas também as qualidades, os desejos sexuais, as emoções. Tímida, doce, fácil, frágil, submissa, provocadora, sexualmente activa, inteligente, simpática, sorridente, divertida, etc. E parte deste "estudo" pode ser lido em "Psicanálise dos Contos de Fadas" de Bruno Bettelheim.


No fim dos anos 60, a mentalidade da mulher era assim:

-- Ele também deve ser humano, dominar-me e ser superior.
-- Ele deve ser o responsável/chefe.
-- "Não podemos esquecer que, há apenas 40 anos, declarações hoje consideradas quase um escândalo eram comuns."
-- Eu não aprovo a mulher querer ser igual ao homem.
-- Óbvio que a mulher não é igual ao homem. O homem deve ser o chefe, deve comandar a família. A mulher deve segui-lo.
-- "Estes trechos são dos finais dos anos 60, das universidades."
-- O papel do homem é trabalhar, e o da mulher ficar no lar.
-- Do ponto de vista da educação, devo estudar para o homem com quem viverei se orgulhe de mim e possa dizer que tem uma mulher bem instruída, e com o qual possa sair sem se envergonhar.
-- Quando eu me casar, educarei os meus filhos. Vou cozinhar e esperar pelo meu marido à noite.


Em: Pensamento sobre as mulheres nos Anos 60 de Eu tarzan, tu jane

A mulher, desde que lhe foi possível frequentarem a universidade e fazerem os mesmos trabalhos que os homens que saiam com o mesmo curso, tiveram a escolha de se dedicarem a uma carreira durante mais tempo do que o normal.
À menos de 50 anos atrás, a idade média com que as raparigas tinham filhos, era de 16/18 anos. Uma idade em que a mulher ainda está a concluir do 12º ano ou a entrar para a universidade nos dias de hoje. Para além disso, hoje é-lhes muito mais fácil entrarem numa universidade do que era à 50 anos atrás. E de certa forma, frequentar a universidade tornou-se algo "banal". Tornou-se "moda". Pois qualquer um pode entrar. O mesmo não se pode dizer sobre continuar...
A diferença abismal de sexos nas universidades, em que para cada 1 rapaz, existem pelo menos 5 raparigas a estudar deve-se ao facto de ser o homem, ainda nos dias de hoje, a trabalhar em locais pesados para poderem pagar os estudos. E enquanto o cérebro do homem se distrai com facilidade e entra no mercado de trabalho mais cedo, nem que seja a ajudar o pai com coisas pesadas ou difíceis de serem realizadas por mãos de mulheres, o seu cérebro adapta-se mais cedo ao trabalho e menos aos estudos. Enquanto que as raparigas são obrigadas pelos pais, a tirarem um curso superior. A razão? Já que ter um filho hoje em dia seria considerado suicídio, mesmo a nível social, e as mulheres são o animal que engravida, que faz loucuras e perde para sempre a sua independência logo que sabe que está grávida; Os pais fazem de tudo para que ela mantenha o seu corpo como algo precioso, que espere pelo fim do curso, do mestrado, do emprego e da carreira, para depois sim pensar em ter filhos. Porque uma pessoa sem curso não ganha tanto como um médico ou um professor. Porque uma mulher com filhos, deixa de ter a oportunidade de se fazer Mulher, de ter estudos, de um dia ser alguém na vida. Porque ter filhos, é uma "dor de cabeça".
No entanto, é preciso perceber que o homem também pode e deve ajudar a mulher numa fase destas da sua vida. Ter filhos é algo de dois indivíduos e não de um só. O que as mães destas raparigas estão a tentar mostrar-lhes é que não se pode "confiar" no homem pois podem acabar sozinhas. Ou porque ele não quer assumir a paternidade da criança ou acabará por a trair com outra.

Para além da objetificação pornográfica, e do estigma psicológico e emocional, também sofre da crítica social, que ataca o seu físico. Estes ataques agrupam-se com as publicidades aos perfumes, às depilações, às roupas decotadas ou provocadoras. Elas próprias, vão sentido a necessidade de serem mulher "perfeitas", como foi dito mais acima. Os seus corpos têm de se assemelhar às de modelos para poderem ter alguma chance de conseguir que algum homem se interesse ou olhe para elas e queira acasalar/casar.
O corpo de modelo, vendido excesivamente nas revistas de moda, leva à Anorexia e à Bulimia. E ainda hoje isso tem um grande impacto nos jovens, que todos os anos faz novos adeptos da Anorexia com a ajuda da internet, como é o caso do "pro-ana".
Elas sofrem da crítica alheia e da critica social. Demoram horas na casa de banho a arranjar o cabelo, as unhas, a maquilhagem, e perdem mais meia dúzia a escolher a roupa que as ajudará a realçar mais o peito, os ombros, a cara, as pernas, os tornozelos, as orelhas, etc.
Sentem-se expostas de uma tal maneira -- como acontece com os homens -- de que existe uma necessidade de serem aceites na sociedade. E devido a isso, tornam-se elas mesmas, mulheres-alpha. Mulheres que tentam ser mais bonitas, mais bem vestidas, mais sedutoras ou atraentes que todas as outras. Pelo menos, as que fazem questão de serem vistas por todos e todas.

"In the case of humans, both the female breast and the male penis have been enlarged by sexual selection to a degree that seems absurdly nonfunctional. The chimp penis looks like a skinny pink three-inch nail. The gorilla penis is even stubbier, only an inch and a half long! Compared with them, the human penis is gargantuan, 10 to 20 times the volume when erect. And out of roughly 4,000 mammal species, only human females have prominent breasts when not lactating. Which argues that for quite a long period of time in our evolution, both men and women – or proto-human males and females – were heavily selecting mates for appearance."

Em: Humans: A Thoroughly Mixed Up Species

Os peitos pequenos são um entrave na procura de um companheiro. Peitos grandes são sinónimo de bons genes, e ainda existe uma condição extra: "Mulheres com seios grandes são mais acolhedoras e protectoras, que mulheres de seios pequenos."
Desta forma, a mulher sofre e é atacada de todos os ângulos. Preocupa-se em ter uma pele macia e lisa que só se consegue com "photoshop". Em cheirar bem e estar sempre "bonita" quando acorda.

Mulheres com seios grandes são mais abordadas por homens, comprova pesquisa
Mulheres com seios grandes são preferência dos homens sem dinheiro

É fácil perceber porque a mulher, e também o homem, sente tanta pressão da "sociedade", em parecer e ser bonita 24h por dia. Ser perfeita, as curvas correctas, os peitos com o tamanho X e a anca com a largura Y. De um certo ponto de vista, isto não é algo influenciado pela sociedade, mas pela nossa condição animal e instintiva. Evoluímos nesse sentido; Como explica a citação acima.



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Falta gente caseira...
O que é ser pai na actualidade...
Em defesa dos homens ou do que resta deles...
A pornografia...

3 comentários:

  1. Concordo com tudo o que disseste menos com uma coisa: a ideia de que um professor ganha bem é totalmente errada. Não ganham nada bem a menos que (1) estejam no Estado há muitos anos ou (2) estejam num grande colégio privado. Posso dizer-te que, por exemplo, há Educadoras a ganharem o ordenado mínimo. Daí podes tirar as tuas conclusões...

    Quanto ao resto... Sou mulher e faço a depilação, sim. Porque assim me foi imposto pela sociedade em que vivo e porque não gosto lá muito de pêlos. Sempre fui "peluda" e durante anos tive problemas com os meus braços porque as outras raparigas quase não tinham nada. Agora estou nem aí. Quem gosta, gosta. Quem não gosta, não olhe. Agora no que diz respeito a cremes e maquilhagem posso dizer que sou basicamente um "homem". Tenho cremes e nunca os uso. E de maquilhagem nem se fala. Se usar lápis nos olhos 1x por mês é muito. Não me preocupo em usar roupas provocantes e nem sequer reparo se algum homem olhar para mim. Sou super despreocupada nesse sentido. Sei olhar para imagens de mulheres "perfeitas" e não me sentir um nada. Sou como sou e há quem goste de mim assim. Mas as mulheres tendem a esquecer-se disso e o que verdadeiramente querem é virar todas as cabeças quando passam, apesar de condenarem o facto dos homens só as quererem para irem para a cama. Acho que é por isso que dizem que nós, mulheres, somos incompreensíveis...

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    1. Uma coisa, para mim, é funcionarios num ATL. Educadoras, para mim, não são professores. Obviamente poderemos falar dos vários tipos de professores que existem, mas aqui, neste texto, entre outros. Professores são precisamente aqueles que trabalham no sector publico e privado que ganham bastante.
      Que hoje recebam abaixo dos 700€, é uma coisa, mas na altura das "vacas gordas", eles trocavam de carro de mês a mês, e acredita que isso acontecia muito nas escolas aqui da Mealhada.

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    2. Quanto ao facto de não seres o tipo de mulher que descrevo e "critico", não significa que as restantes 99% não vejam como eu diga ou as marcas tentam vender.
      TU és diferente, porque pensas de forma analítica, gostas de pensar e de aprender o que te rodeia, mas as outras não. E as outras?... Têm muito mais poder.

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