sábado, 9 de julho de 2016

Não te prendas ou fujas do passado...

[Come with me - Karel Balcar]


À morte dela te tornarás em nada e ficarás com tudo. Exposto ao mundo de emoções e esventrado de dentro para fora, pela ausência de um sere que não és tu, mas que te fazia sentir sagrado. Aos olhos dela, eras o sorriso que tinha medo em esboçar, os passos de dança que tinha medo em dançar e as palavras que criavam nós na sua língua, na sua mente envergonhada e medrosa.
Na morte dela, descobriste que o amor por alguém é algo cruel.

Descobres que tudo destes, sem pedir nada em troca, sabendo desde sempre que nunca houve um beijo de si mas um aperto de mão, num negocio feito e aceite por ela.
Recordas os seus pés nas piores circunstâncias, os medos no rosto, as inseguranças caírem pelos seus dedos. Ela viu em ti o homem que sabias ser e tu o príncipe encantado que acreditou salvar a impotência de alguém distraído. Era bonito olharem-se pelo espelho. Era carinhoso o gemido que fazia aos passares as mãos na sua essência. Mas toda a vez que a olhavas, tocada e exigente, perdias o desejo e a paixão. Perdias o fogo.
A sua morte afasta-te do mundo dos vivos. Afasta-te do "querer", da "saudade". Estar morta, era pecado, um alívio, o fim da escravidão emocional.

Tornavas-te feliz, sem nada do que restava do contracto. Recordas a sua existência. Recordas o sorriso e as palavras, na morte de todas as suas coisas. Agora que respiras por ti, não te esqueças do que foi viver, do que foi fazer feliz. Abraça-a todos os dias quando o sol nascer, porque aceitar que um dia ela te fez feliz, é a prova de que lá pelo meio, ela foi quase a mulher de procuravas.

Não te prendas ou fujas do passado, abraço-o, valoriza-o e aprende com ele...


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