quinta-feira, 23 de maio de 2013

As brincadeiras, não tão inocentes, das crianças...


Uma coisa que muitos ainda não repararam, que ainda não perceberam e que se esqueceram com o tempo. Algo que não sei quando surgiu e se já havia no tempo dos meus pais ou dos meus avós, o que não acredito muito. E essa coisa é: "cachaços", depois de alguma criança cortar o cabelo.
Os cachaços não são uma brincadeira de crianças, os cachaços são violência física e psicológica, perpetuada por crianças más e sem empatia, sem respeito ou educação. Quem o faz são as mesmas crianças que fazem o bullying. As mesmas que incentivam à criação de colunas paralelas uma à outra, de alunos, num corredor, só para dar uns pontapés e carlassos a quem passar pelo meio.
Desenganem-se se são actividades inocentes, feitas apenas por brincadeira sem querer fazer mal aos outros. É precisamente isso que essas brincadeiras são. Para fazer mal aos outros! São um tipo de bullying mais "soft", mas não deixa de ser agressão psicológica, pois quem leva, quem apanha, fica com medo, é-lhe-o incutido pelo simples facto de ter cortado o cabelo, ou outra coisa qualquer que signifique ter de levar alguns. São rituais passados de turma para turma, de ano para ano. Não são praxes, porque ninguém as aceitou. E até as praxes são agressões, têm gritos, têm obrigações e proibições. São como seitas, onde só entra e é espezinhado quem quer, é um facto, mas não deixa de ser um tipo de bullying. Onde o cérebro do jovem é bombardeado com medo por errar.

Esquecem-se que as brincadeiras feitas no recinto escolar, as brincadeiras que implicam contacto físico sem autorização e abusiva por parte do "agressor", também é bullying. Mas tendemos a achar que é algo que já vem de à muitos muitos anos, que é uma tradição centenária e ai dos nossos filhos que não se deixem "praxar" nas escolinhas, ai deles que não abracem o espírito de interacção do secundário e do liceu. Ajuda-os a conhecer gente nova, não é!? Bem, os garotos na praia são os que mais facilmente fazem e descobrem amigos sem recorrerem a chapadas no pescoço ou outro tipo de agressões, por tanto... algo está mal e é a mentalidade.
Mas não são só os contactos físicos, são também os jogos, mesmo até os de futebol, em que os melhores formam a equipa e vão escolhendo os melhores até chegar àqueles miúdos que não sabem a ponta de um corno, que não sabem jogar ou não têm tanto jeito. E então, no fim, acontecem duas coisas: OU um deles engelha o nariz e chama o mongolóide, OU então faz-se de amigo super simpático, e com um sorriso aceita-o na equipa. Numa (equipa), o rapaz nem toca na bola, na outra, é provável que também não toque. Sim, é a selecção animal a decorrer diante dos nossos olhos, a escolha através de uma selecção não só genética, mas também de perícia, de engenho, de capacidades intelectuais e físicas para se desembrulhar numa actividade e durante uma actividade. Coisa que é aceite por 50% dos papás e criticada pelos restantes 50%. Em que uns defendem a Eugenia, e em que os outros se manifestam e criticam pelo direito à igualdade.
Nisso, tenho duas opiniões. Acho normal, pois com os animais acontece os mesmo, e acho errado, pois somos seres que devemos partilhar com gosto e não sermos egoístas e com o sentimento de superioridade no corpo só porque um não sabe aquilo que eu sei e isso faz-lo ser menos do que eu e eu melhor do que ele. Como falo em "A eugenia existe...". A tal "superioridade" que andam a incutir muito aos garotos e que eles próprios levam para cova. Coisa que eu acho mesmo de crianças, porque também já fui assim, egoísta, e a achar-me superior aos outros por saber ou fazer coisas que poucos fizeram ou fazem. Parolices de cachopo...

Recebi mais do que os que dei, e quando os dei, dei-os para me integrar no grupo, para não ser excluído e não me sentir escorraçado. Já não bastava quando se formavam equipas em qualquer desporto. e ser escolhido em ultimo. Normalmente os que não têm grande perícia ou destreza, ficam sempre com as raparigas. Nem vale a pena explicar porquê.
Parei, quando tomei consciência de que não gostava que me fizessem a mim, e eu próprio odiar fazer aos outros. Eu sabia que odiava, que não me sentia bem, mas foram tão poucas as vezes que o fiz e eu era tão novo, que nunca tinha pensado muito sobre o assunto. O acto tornava-se divertido, não por eu tirar prazer de magoar os outros, de os fazer sentirem-se tristes ou vê-los fracos, mas porque estava a interagir com os outros miúdos "fixes" da minha turma. Porque fazia-me sentir parte do grupo, da matilha, acolhido. Não que as minhas opiniões passassem agora a ter mais valor ou a merecer tempo e atenção deles, mas estava lá. Com o grupo. Um (pouco) muito como acontece nas universidades. Quando uma pessoa vê que é recebida por todos, dá-se a vaidade, pois todos nos olham, e o Ego iluminasse, irradia de felicidade. Pertencemos finalmente a um grupo, e aquilo que temos para oferecer, é a devoção. Como também acontece com a religião. Ou com bandas de música. E se criticam aquilo pelo qual nos ajoelhamos, há bulha da grossa! Crianças... só é pena não terem argumentos.

Por isso, se somos assim tão "humanos" e nada haver com animais "irracionais", porque temos e vocês têm a  tendência de perpetuar actos que não são reais e que também não fazem bem? São como as histórias de encantar, que nos encantam a mente com as suas lições de mural pouco compreensíveis mas que ensinam alguma coisa que ainda não conseguimos perceber. Basicamente, servem só para nos entreter. Não nos dão nada, não nos ensinam, não nos instruem nem educam.
Não se vende tanto por aí, a ideia de que as crianças devem ser amigas umas das outras? Amar e abraçar as outras sem quaisquer preconceitos, sem superioridades. Com igualdade e respeito mutuo? O que eu vejo muito por aí, principalmente nos ciclos e no liceu, e sim, sei que os jovens começam a entrar na fase da adolescência por essa altura, mas também conheço gente que está nessa fase, por exemplo raparigas e até os rapazes mais calmos, e não os vejo a serem tão parvalhões como parte dos que andam com eles. Porque será então? É uma geração de atitudes e maneiras desenvolver a sua vida que é passada de pais para filhos, com o intuito ou sem intuito de eles serem mais... desenrascados, maduros, responsáveis, adultos.

As brincadeiras das crianças, não são sempre inocentes, e deve-se ter cuidado com isso, pois começa já a haver certos problemas criados pelas roupas que as crianças trazem.
Eu tenho roupa de marca e tu não!
Eu tenho lápis caros e tu não!
Eu tenho e tu não!

O que tens, é falta de educação!


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