terça-feira, 16 de julho de 2013

Uma fatia de bolo...


Sai de casa, sobre um sol ainda a acordar da Sexta-Feira selvagem. Uma leve brisa agarrou-se nos meus cabelos, esticando os seus caracóis e deixou-se ir, percorrendo a rua. Na face levava um pequeno sorriso quase imperceptivel. Estava feliz por podermos finalmente voltarmos a estar um ao lado do outro, a lanchar, a conversar, a acarinhar saudades e limpar as feridas emocionais da distância.
Na esplanada do café, no exterior, sentavas-te tu, observando o mundo, comprimentando-o com um ligeiro acenar de mão e um sorriso bonito. Olhaste-me de longe, como mais uma figura na tua vida, como mais um adereço naquela rua pouco movimentada. Foi preciso aproximar-me um pouco mais para saltares da cadeira com um grande sorriso na cara e correr-mos os dois para os braços abertos um do outro. Estávamos à espera deste momento. O teu coração batia no meu peito como um tambor entusiasmado, e o beijo trémulo, pedia-me num mermúrio que te agarrasse com força.
As tuas pequenas e finas mãos seguraram-me a cara e olhaste-me, tentanto ler tristeza. Ficaste pasmada por uns segundos e sorriste, deixando a tua cabeça cair no meu peito. As minhas mãos contiuavam no teu corpo e deixaste-te ficar assim, no aconchego carente que tanto necessitas de ser sacieado. Não és frágil, mas quando estás comigo autorizas a tua inocência e sencibiliade a desabrocharem sem medo. Sabes que os seguro com cuidado e carinho, e também não precisas de me dizer o que fazer, pois sempre confiaste.
A tua mão entrelaçou-se na minha. As pessoas olhavam-nos enquanto caminhávamos de volta à mesa, e eu mais do que tu, senti-me envergonhado e um pouco incomodado. Não era só por sermos um casal diferente, ou de uma rapariga tão bonita como estar ao lado de um rapaz com o cabelo tão comprido como o meu, de eu parecer "jesus cristo" (anti-cristo), mas pelo facto de eu sair pouco da concha, da minha zona de conforto ao qual só tu tens a chave.
Constrangido com os olhares, beijaste-me, deste-me a mão e sem o mesmo medo de vergonha que me pelava, declaras-te:
-- Estava cheia de saudades tuas!!! Ah! E hoje os meus pais vão ao castelo de "Castelo de Montemor-o-Velho". Hoje tens alguma coisa para fazer de tarde? -- perguntaste, à espera de um "não".
-- Não. -- respondi juntamente com um sorriso.
-- Yey!! -- agarraste-te de alegria ao meu pescoço.

O que é um conto sem uma conversa? O que é um conto sem interacção? Porque criar parte da imagem de um momento é sinónimo de bloquear a imaginação!?
Porque uma história sem falas, peca nas tentativas, na força e na vontade de ser mais forte que o medo ou a vergonha e agir, reagir, agarrar, abraçar e beijar. Um conto sem vozes, é um conto de todos sem nunca tocar ninguém em especial.
Continua...

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