terça-feira, 23 de julho de 2013

Está na hora...




Vocês não estão casados, vocês estão em guerra...

Estão em guerra à demasiado tempo. Em contradição à demasiados aniversários e com paciência a menos para aquela que deveriam ter. Torcem e retorcem o braço um do outro, à espera de a tampa do taxo pousar novamente, ou simplesmente à espera do momento em que a panela de pressão rebente, como uma granada, cheia de intenções que se tornam cancerígena para quem vive perto de vocês.
Deixam as rotinas que vos unia, para rotinas que vos afasta dia após dia. E perguntam-se à noite, porque se afastam os sentimentos um do outro. Porque o sexo parece ser só mais um momento incómodo. Um incómodo por malandrismo.
Estão-se a aturar, e uma relação como a que se prepuseram, a única coisa que deveriam aturar é a estupidez dos amigos quando ficam bêbados ou falam demais. Arranham-se e ralham à demasiado tempo para dizerem hoje que têm uma "relação saudável".
Vocês não vivem, vocês não partilham, convivem. Um convívio que vos afasta por não terem percebido onde estavam a falhar no inicio e nos erros que cometeram pelo caminho, para chegar ao dia de hoje e continuarem convencidos de que a culpa é do outro, ou que é difícil crescer e instruir quem amamos.
Já não têm amor... têm hábito. Um hábito que se torna rotina. Um hábito pela força das opiniões diferentes, afastou de cada um, os sonhos, os desejos, as fantasias e o próprio Eu. Deixaram de ser cúmplices um do outro, para passarem a ser carrascos que medem forças, que desconfiam e descredibilizam os argumentos daquele que um dia disse "Sim".
Estão a errar e ainda não se aperceberam... ainda não se aperceberam porque a gula do egocentrismo, do vosso "eu tenho razão", não vos permite ser humildes, não vos permite serem transparentes perante uma opinião que se formou durante anos pela pessoa que escolheram um dia para ser vosso parceiro na magia daquilo que é criar um filho e partilhar uma vida. Deixaram de sorrir verdadeiramente, para passar a usar uma máscara de falsidade. Erraram no momento em que deixaram de ouvir o outro, em que deixaram de ensinar e aprender. Erraram no momento em que desistiram, em que deixaram de usar um "nós" e ser para sempre um "eu", porque a partilha não é mutua e acham que uma mente já não pode aprender porque é velha demais para se re-construir. Erraram e falharam.
Construíram um império vasto, com pessoas e entre pessoas. Ensinaram, educaram e mostraram aos outros, como fazer e onde não errar. Criaram não só para vocês mas também para os outros, sonhos incríveis, e os vossos são os únicos que se mantém juntos através de correntes e muitas tristezas. Dão as melhores opiniões e são os únicos que erram todos os dias precisamente onde não querem que falhemos. Fazem tudo ao contrário daquilo que era suposto.
Vocês não vivem, não amam, não constroem. Vocês convivem e sobrevivem, porque já não sabem fazer mais nada. O hábito da escravidão e da ausência pela vontade de não ter vontade de partilhar um momento, é trocado e desculpado pelas viagens e passeios até ao shopping, onde cada um de nós vai para o seu lado, para o seu canto, como tanto acontece nesta casa que a pouco e pouco se torna tão vazia como a própria relação que criaram, que alimentaram e mantém por não conhecerem outra realidade.

Pai e Mãe... agora que a alcançaram a estabilidade, está na hora de se preocuparem mais com vocês, com a vossa relação e corrigir os problemas que deixaram acumular.

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