domingo, 17 de março de 2013

Uma vela...


Uma vela, inerte, sem chama, esquecida no tempo, à mercê do pó que a quebra por dentro, sem luz, sem força, energia, sem a electricidade que a faz ferver e acender. Uma vela cega, desprovida de cor, possuindo apenas um tronco pálido, construído de cera pela mecanização industrial inventada pelo homem para o homem, contra o homem, sem ele mesmo saber que era escravo do fósforo que lhe dá à noite a visão do mundo que não lê e não escreve.
Uma vela que sem chama não ilumina, não alegra, não deixa ver e não serve de companhia, que se quebra por dentro, incapaz de iluminar aquelas páginas velhas com a força do sol, as mentes frágeis mas sonhadoras, dos amantes que não esquecem um rosto e se aquecem com as palavras poéticas transformadas em borboletas que voam até aos corredores largos da mente.

Uma vela, em chama, que se gasta, sem pressas, como amor dos anjos que se sentam diante dela, proclamando amor através de olhares, de gestos e de suspiros longos. Amores que se perdem e se afastam, se não houver um olhar, um abraço e por fim um beijo. Juntos por tão pouco, capaz de criar faíscas suficiente para alimentar uma cidade, o mundo... Luz suficiente para iluminar o coração do seu amado e lhe fazer rasgar um sorriso na cara, que esquece com vontade, as caricias.

Um labirinto que dança, bate as asas e espera que tudo se segure no turbilhão da vida... 

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