sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Aos teus olhos...


Aos teus olhos... posso não ter valor, não ser um modelo, um pai, um bom amigo, não saber falar ou dar amor. Posso não ter  jeito, para ti ou para os outros. Posso não saber tanto, não ter estudos ou não saber estudar. Posso não ter dinheiro, boas roupas ou amigos. Posso ser duro, difícil, teimoso e insensível. Posso não ser nada, e sem saberes... ser tudo o que desejas.

A função dos filhos é duvidar, a dos pais, é fazer acreditar que "tudo" é possível.

Não nasci como mais um, para ser mais um, mas simplesmente para ser. Crescer um. Não um objecto e muito menos ovelha de rebanho. Não cresci nem fiz as coisas da melhor maneira. Não errei apenas porque era e sou "criança", que não conhece a "escola" da vida. Errei porque me foi dado espaço para tal, para sofrer, repisar e aprender. Olhando para trás, sendo eu um garotito ao lado de gente mais nova do que eu, tinha talvez... visão, sentimentos. Um dicionário, uma enciclopédia de argumentos que se tornaram em colecções gigantescas que eu próprio desconheço e esqueci. Mas sendo eu apenas um rapazito, aos teus olhos, bastou-me uma conversa de 3 horas com alguém 40 anos mais velho, para perceber que grande parte  daquilo que tanto debatia e ensinava, já me ocorria na mente desde que era vivo e tinha consciência de mim próprio. Porque eu pensava ser um grande bardamerdas que não sabia nada, e afinal, sou só um bardamerdas. Um bardamerdas que é melhor do que acredita ser.

Nada do que faço, para mim mesmo, é em vão. Nem livros nem colecções, nem textos nem filmes o serão. Têm um propósito, futuro e não a curto prazo.

Aos teus olhos serei apenas mais uma cara na multidão, uma personagem desfocada que nunca entrou na tua vida. Um objecto inanimado que não te faz reviver momentos, relembrar memórias, ou chorar sentimentos.
E tu, sem saberes, sou muito mais do que aquilo que vês, daquilo que achas e que ainda acreditas...
Não precisas de ainda acreditar naquilo que achas, tu, que me vês apenas com olhos e algumas memórias daquilo que achas que eu fui e que tu própria sempre acreditas-te que foste, que és e virás a ser.

Sendo eu, para ti, uma simples ave, desconheces as minhas capacidades...

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