segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Informática vs Psicologia?


Ultimamente, quando me abordam sobre como me corre a universidade, digo que vou mudar de curso.
-- Em que curso estás?
-- Engenharia Informática.
-- E para qual queres ir?
-- Psicologia.
-- Não têm nada haver uma coisa com a outra. São muito diferentes. Exigem raciocínios diferentes.

Bem... de uma forma geral, para quem não percebe nada de uma coisa nem da outra, é fácil perceber o porquê de "parecerem"/serem tão diferentes. Uma das razões é que as pessoas acham que a informática é só mexer em ratos e teclados, olhar para um monitor horas a fio e escrever algo estranho um bloco de notas. Para eles sim, de certa forma estão correctos, porque a psicologia exige que existe uma estatística psicológica do individuo social e em nada tem haver com 0 (Zero) e 1 (Um), ou matemática.

Cada um dos cursos é exigente psicologicamente. E não estou a mentir.
Se não tenho uma boa mente para resolver problemas e aprender rápido, não vou para Engenharia Informática.
Se não tenho uma boa mente para interiorizar a razão do ser das coisas, de me compreender, de ter consciência e possuir um pensamento analítico, então não vou para Psicologia.

Portanto, a diferença entre os dois cursos, está dependente da perspectiva de cada um. Principalmente na perspectiva como se vê a informática. Li em "History of the graphical user interface", que os primórdios do interface gráfico para os computadores, desenvolvido por uma empresa chamada Xerox, se não estou em erro, só foi possivel através do estudo feito em crianças, em que tentaram perceber como é que uma criança aprende e interage com o meio ambiente.
"Much of the early research was based on how young children learn. So, the design was based on the childlike primitives of hand-eye coordination, rather than use of command languages, user-defined macro procedures, or automated transformations of data as later used by adult professionals." em History of the graphical user interface - Augmentation of Human Intellect (NLS)
A interacção que existe entre Homem-Máquina, é um dos pontos mais importantes para a empresa mundialmente conhecida como Apple. O interface é desenhado e redesenhado para cada produto, desde o código fonte do sistema operativo, passando pelo ambiente gráfico, icons, interactividade, cores, disposição do hardware na motherboard, caixa do portátil, teclado, toutch do rato, caixa de cartão, design exterior, letras, cor das letras, cabos de energia, etc, etc.
A razão de gastarem tanto tempo e dinheiro, é simples: O olho humano pode ver um mundo gigantesco à sua frente, mas só processa cerca de 20% dessa informação. A restante é deitada fora. Se algo é bonito e fácil de ver, de ler, de compreender e se nos cativa o olhar, então o nosso cérebro tem muito mais capacidade para filtrar todo o design, toda a publicidade que advier de um produto apple, que por norma são muito simples, muito bonitos, lisos e bem construídos.
Se não existirem bons ambientes gráficos, como por exemplo, o SO, ou simples programas como o Messenger, CCleaner, Avira Free, Chrome, as pessoas ao fim de algum tempo ficam incomodadas com tanta informação que lhes aparece em frente dos olhos e só 3% ou 4% dessa informação é que é necessária. Ao contrário do que se possa pensar, também existe Arte e Matemática aplicada em construções de websites. Alinhar botões, campos de texto, publicidades, artigos informativos, etc.

Eu sei que o que aqui estou a dizer pode "parecer" chinês para muita gente. Pode ser confuso e desinteressante, mas é importante e interessante compreender como funciona a informática na sua forma mais superficial.
O interface é a ultima camada de interacção que existe entre o computador e o utilizador. Entre a primeira camada, código fonte Assembly e o interface, existe algumas camadas que permitem interagir entre o carregar num botão e uma explosão de acções que irão passar pelo computador.
Resumindo e simplificando, todo e qualquer código que é escrito por programadores, é necessário ao funcionamento de todo e qualquer programa. Todos os botões existentes numa página web, foram programados. Foi-lhes associada uma acção assim que é pressionado.
Como é que se programa, perguntam alguns de vocês. Bem, o pensamento básico é pensar num problema. Digamos que queremos esmiuçar cada acção que fazemos para encher um copo com água.
A primeira acção é pagar num copo. Abrir torneira, verificar se o copo está cheio, não está cheio, permanecer, verificar se o copo está cheio, sim, fechar torneira.
Parece complicado, mas até é bastante simples. O problema está em esquematizar todo o processo, todas as acções, prever problemas, incompatibilidades, prevenir erros futuros, simplificar e tornar mais rápido cada acção.
O nosso cérebro faz a mesma coisa milhões de vezes mais rápido, sem a necessidade de lhe dizermos o que tem de fazer primeiro. Quantas vezes não estamos a beber água enquanto vemos televisão. E torna-se mais interessante se pensarmos na quantidade de cálculos, ajustes, posicionamento e esquematização de acções que todo o corpo tem de fazer a si próprio, à mão e aos dedos só para apanhar uma bola no ar.
Pode parecer algo complexo, de facto é, porque existe muita coisa ainda por descobrir no nosso cérebro. Mas se vocês acham que espremer bem cada movimento, então pensem na complexidade que é compreender como funciona o cérebro de um bebé desde o seu momento de nascimento. Como é que aprende, como vê o mundo, os pais, as pessoas, como ouve e sentem os sons, o que o ajuda a desenvolver a linguagem, quer verbal quer psicológica. Como se desenvolve o seu mecanismo de raciocínio e imaginação. É certo que a Psicologia tem tantas áreas diferentes, tal como a Informática. Mas a Informática não existia hoje em dia se não houvesse um estudo filosófico sobre o homem, o meio ambiente, a sociedade, a aprendizagem do ser humano, estudos biológicos, psicológicos, desenvolvimento das matemáticas, electrónica, electricidade. Da mesma maneira que sem a Informática, a electrónica e electromecânica, não seria possível fazer um raio-x à cabeça. TAC/Tomografia computadorizada Sem este ultimo instrumento, hoje em dia ainda se desconhecia, e muito!, como funciona um cérebro humano. Que zonas são estimuladas por uma imagem X ou Y. Que área do cérebro guarda e gere as memórias, emoções, sons, paladar, tacto.
Algo que também é estudado com grande afinco, é a chamada Inteligência Artificial, onde tenta ensinar robos da mesma maneira que ensinam crianças.

Leo- Teaching Robot

Não acho que sejam duas "disciplinas" completamente diferentes entre si, de uma certa maneira são, como tudo, mas acho, pessoalmente, que estão muito mais ligadas entre si do que a população em geral pensa. Porque se de um lado eu tenho o interface gráfico da Apple, do outro tenho uma visão simplista de como trabalha o cérebro humano. E se eu souber como é que ele vê e se sente atraído pelas coisas (cores por exemplo), posso melhor a interacção que tem com o interface (grafismo).

Existe muito psicólogo a trabalhar na área do Marketing, pois as empresas necessitam de alguém que compreenda e saiba como funciona a mente dos seus clientes. De que forma são atraídos ou afastados aos seus produtos. Estudam cores, designs, linhas, letras, sombreados, fotografias. Para além do Marketing, começa a existir o chamado Neuro-Marketing, que estuda a fundo a psicologia de cada individuo, quase. Ao invés de as empresas se focarem só no que é que as pessoas gostam mais ou necessitam, estudam também as suas personalidades, gostos, desportos favoritos, músicas, sociologia e interacção com a sociedade, a fim de criarem vários grupos de clientes (normalmente jovens) a quem vender determinado produto. Criam-se aglomerados de mentes estatisticamente muito semelhantes. É através de isso que se cria e se implementam as modas.

Tanto a informática como a Psicologia, usam e abusam do meio ambiente para tentar compreender e usar mecanismos, a fim de compreender melhor como funcionamos e como utilizar alguma funcionalidade para o nosso dia a dia.

Pesquisadores descobrem que formigas se comunicam "via internet"
Programa busca conexões inspirado em rede social das formigas

Ainda assim, acho que a psicologia é muito mais interessante que a informática, não por a informática ter matemática, electrónica e programação avançada, mas porque é através da psicologia, talvez de uma forma mais filosofal, que conhecemos o mundo que nos rodeia. Através de um pensamento analítico, posso tentar responder às minhas próprias perguntas. E é ai, talvez, que diferem os dois cursos. Pois em informática temos de encontrar uma solução ao problema de uma muito directa e mecânica, enquanto que na psicologia, abordamos o problema de uma forma muito mais emocional, observadora. Tentamos compreender o problema desde a sua raiz (Psicologia) para o resolver, e não, pensar simplesmente, e só, na sua solução mais rápida e simples de se executar (Informática).


Artigo MUITO interessante psicologia X informática


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