sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Desvanece...


Dois corpos, nus na escuridão de um espaço infinito. Abraçados um ao outro, de olhos fechados, sentindo os seus corpos frios, sensíveis. As emoções deslizavam sobre a pele como seda, acarinhando-se mutuamente com os seus dedos melancólicos. Ouvia a respiração dela sobre a dele, arfante, quase como um gemido. Aproximaram-se, sentiu o cabelo dela na sua cara e deixou-se absorver pelas ondas que lhe limpavam a alma, que lhe acalmavam a mente. Afastavam do seu consciente a tristeza de um adeus e aproximavam-se os sorrisos pequeninos da sua mulher, as corridas, as brincadeiras, a comida e as paisagens.
Os pulmões dela encheram-se de ar, beijada no peito, agarrada, acariciada. Deixou-se levar, guiar por entre a erva alta de um prado verde. Sentia a brisa fresca no peito, os cabelos bater-lhe nas orelhas e o sol descansar sobre a almofada de estrelas. A terra húmida sobe os seus pés, as mãos trémulas que lhe acariciavam o corpo, a cara, a cintura.
Um foco de luz ténue incidiu sobre eles, serpenteando sobre os seus corpos como uma vela soprada pelo ar de um anjo, hipnotizada por um beijo, bêbeda.

-- O que sou eu para ti?
-- Tudo o que quiseres ser...

Os lábios tocaram-se, as mãos sentiram a cara e a chama morreu, perdendo o brilho à medida que se emaranhava na escuridão.

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