sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Quando eu não gostar...



Não tenhas medo de me dar um beijo sem qualquer razão, de me abraçar sem teres saudades, de me levares longe daqui para outras paragens, para outros mundos que desconheço. De me levar a correr contigo, de colocares a tua música no computador, de dormires vestida ou toda nua, de teres ciúmes ou controlares-me, de exigires ou te esqueceres de algo importante. De fazer comida sem saberes se gosto, de comprares roupa sem saberes se me serve ou se uso, de usares perfume ou dizeres o que pensas. De gritares ou chorares, de rir ou sorrir, de seres tu própria e não uma pessoa com medos e indecisões com aquilo que possas dizer, fazer ou parecer.

Quando eu não gostar, digo-te. Não, não é "quando eu não gostar", é quando eu preferir algo diferente.
Quando eu preferir o vermelho sobre o azul, quando eu preferir as mãos por dentro da camisola e não fora dela, quando eu preferir ver-te sorrir ou ouvir-te zangada. Quando eu preferir que fales comigo ao invés de me tentares controlar, quando eu preferir que confies em mim ao invés de teres ciúmes, quando eu te preferir nua ou um pouco de sossego. Quando eu preferir um chá ao invés de leite, quando eu preferir correr ao invés de estarmos sentados com medo de me levares a correr e de não correres por não quereres ir sozinha e desejares partilhar o momento. Quando preferir ir a uma loja que gosto mais ou invés de ir a uma que não me desperte tanto interesse.

Quando eu preferir outra coisa, eu digo-te, mas até lá, faz, diz e sê, sem medo. Quem sabe, talvez até vá gostar de "tudo" o que fizeres... Sê espontânea!

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domingo, 25 de agosto de 2013

Angustia...


Vi, o calor desaparecer por trás de mim, caindo na relva e no topo das árvores, como um adeus já tardio. Levava com ele as horas, a energia, as corridas e a caça aos pássaros. Senti frio uma brisa levantar voo sobre o meu pêlo, intensificado a saudade da ausência de tempo para conquistar e descobrir novos territórios, conversar com os vizinhos e escorraçar os intrusos.
À uma semana que não vejo a borboleta que me fez correr atrás dela e fazer-me aventurar como o meu coração nunca o tinha feito. De olhar para ela quando batia as asas, ao invés de lançar as garras sobre as suas cores tão profundas, tão destacadas das outras cores mortas que me rodeiam. Observar com detalhe o bater leve das asas, quando parada, como o bater do meu coração quando me deito sobre o telhado e vejo as luzes longínquas da noite piscar e caminhar na sua vida tão calma.

A manhã foi calma, a tarde calorenta e agora que tudo acaba, sinto a angústia afogar-me os olhos, apertar-me o peito e impedir de voltar para o cama que me abraça e esfrega o pêlo. Angústia de não saber por onde anda e onde apenas vôo. Porque olhar para o pôr do sol lembra-me e aquece-me as notas musicais daquela menina sempre gulosa pela minha barriga. Daqueles dias escuros em que não me atrevia a sair muito de casa ou do seu colo. Dos dias da comida na taça e dos presentes, mortos, que lhe levava com tanto carinho como prenda de anos.
Já não ouço o ronronar da besta metálica, os sacos das compras ou a chave entrar na porta. Não ouço a sua vida mas ainda sinto a sua voz doce aos meus ouvidos, ainda sinto a sua mão no meu corpo e os seus olhos grandes incomodarem-me a alma traquina.

Estou só, perdido, desconhecido, à espera que outra vida me receba e cuide tão bem como eu os protejo das pragas e dos dias que passam em angustias e solidão.

Borboleta, para onde foste?

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Aproxima-te...



Das profundezas obscuras da minha mente, subiam-me pelas paredes do cérebro, gritos vindos do inferno. Gritos de dor e sofrimento que arranhavam as caras e desmembravam corpos. Espalhando sangue por todo o lado, como uma chacina violenta. Os cadáveres cravavam as foices na garganta rebentada em pus, aliando-se a uma dor de cabeça tão forte que provoca um enjoo doentio. O sorriso era trocado e apedrejado, esfaqueado pela mão assassina de um rosto sem máscara. As costas esfoladas, com a pele arrancada dos ossos, rasgando músculos e tendões.

A mão que acaricia, é a mão que ordena a morte, que te aponta a bala à testa e a faca ao coração. O punho que se fecha sobre a tua cara rosada, a estalada que te rebenta os lábios de batom. Arrancar dos cabelos o brilho, desfazer os caracóis e traçar na cara um grande "não". Aproxima-te da escuridão em que me fecho, deixa-te aprisionar na tortura da minha selva descontrolada, na frieza que te desnuda e no calor que te desconforta. Queres ser só mais uma? Então encosta-te a mim de deixa-te ser seduzida e violada em tudo o que te torna gente. Deixa que a minha pessoa te influencie e te domine. A liberdade que julgas ter é apenas uma ilusão.

Regurgito de mim as memórias violadas, o sangue lambido e o assassino que embelezo em cada morte.

Tem haver com a incompatibilidade...



Não tem haver com a compatibilidade, mas sim com a maneira de como ambos lidam com a incompatibilidade.

Numa relação, não é só o que nos une que tem ou deve ter mais atenção, mas a maneira como lidam com a diferença que os "separa". Mas a diferença nos os deveria separar. Não será um defeito, será um efeito que pode ser re-educado, não por ser ou ter um aspecto negativo implícito no que quer que seja, mas porque devemos crescer, aprender e re-escrever o que somos, como somos, o que fazemos e como o fazemos. Aprender a crescer, não irá ajudar-nos apenas a conhecermos-nos, mas também, mais tarde, ajudar a educar e compreender os nossos filhos.
A diferença, que se transforma num defeito, não deveria ser só mais um entrave ou mais uma desculpa para acabar uma relação ou um "momento", mas antes um re-começar.
"Não sou pai de ninguém para andar a ensinar o que deve ou não deve fazer". Se por um lado tens razão, pelo outro falhas redondamente com a resposta que dás, porque não sendo tu pai ou mãe de ninguém, por enquanto, civicamente fica-te bem seres bem educado/a, ouvires os outros e aceitares as diferentes opiniões. Coisa que é difícil não é? E depois falam de mim...
Só que eu não estou a falar em "ouvir os outros" que não conheço, mas em ouvir a namorada ou o namorado, o marido ou a mulher, que deveriam ser ouvidos e "compreendidos", se não o são de todo, então isso não é uma relação em conjunto mas antes um comodismo de troca de "carinhos".
Porque uma incompatibilidade pode destruir facilmente uma relação. Um defeito no outro, pode dar aso a lutas, zangas e jogos psicológicos. A falha, está no momento em que ambos vêem defeitos, incompatibilidades, e não uma oportunidade para "mudar" ou "aprender" a serem melhores pessoas.
E sim, fumar e beber álcool são um GRANDE defeito, droga e desleixo para os estudos. Mas a frieza nas palavras, a frieza nos beijos ou nos abraços, as "desilusões", são a falta de tempo para raciocinar, são a falta de presença, a falta de ti nele, ao lado e à volta. Da mesma maneira que se curam feridas psicológicas, também se pode re-ensinar um indivíduo a agir de outra maneira. Não que a maneira como age seja má, mas pode conter um aspecto negativo ou menos harmonioso. O que estou a tentar dizer é que todos temos "defeitos", mais ou menos aceitáveis dependendo do grupo de pessoas e da namorada/o, resta apenas a quem partilha ou quer partilhar uma vida ao nosso lado, mostrar-nos onde estamos a falhar OU onde podemos melhorar. Dar soluções e não apenas criticar.

Um defeito não se torna um incómodo sozinho, é preciso que algum dos dois se comece a sentir menos ou ver o outro como inferior a si. E eu não falo em música, mas em atitudes, em acções, em escolhas. Ainda que sejamos indivíduos já psicologicamente desenvolvidos, não significa que não possamos aprender de novo.
Uma relação tem precisamente haver com a incompatibilidade e não com a compatibilidade. Porque nenhuma relação se pode designar realmente uma "relação" sem antes se definir "regras", e se conhecer o que os separa ou o que os incomoda. A razão!? Ninguém no seu perfeito juízo passaria a vida inteira com alguém que não está disposto a crescer, a aprender, a ouvir, e a ficar sentado ao lado e não na mesa à frente, desligado e despreocupado. E não, estar simplesmente presente não significa que tenham uma boa relação, falarem todos os dias também não, deitarem-se na mesma cama muito menos.
Porque verem-se todos os dias não significa que tudo esteja bem, falarem não significa que realmente conversem e troquem ou partilhem informação realmente relevante para ambos e para a própria relação, e não, deitarem-se na mesma cama não significa que continuam fieis, que ainda se amam ou que se toleram, mas apenas que se tornou num hábito. Quando se tornar impossível olharem um para o outro, de falarem um para o outro e de dormirem um ao lado do outro, a relação destrói-se pura e simplesmente, porque olhavam sem nunca conseguir ver, porque falavam sem nunca conseguir entender o que o outro queria dizer há já tanto tempo, e partilhar um momento "intimo" como o partilhar a mesma cama, onde o cheiro de ambos se mistura. Estão juntos, mas não sabem o que isso realmente significa.
Por tanto, não é o que vos une que prova, demonstra ou dá valor à vossa relação, mas precisamente a maneira como lidam com o que os separa.
No entanto, há coisas que só podem ser ensinadas aos outros, se os outros sofrerem com isso, como se costuma dizer: "abre-olhos". Um susto, um medo, e depois disso, dar um tempo, algum tempo, talvez bastante, até que recordem e aprendam onde erraram. Tal como me aconteceu a mim, depois de 1 ano da ultima relação ter acabado, ainda me recordava dos erros e aprendia com eles. Mas eu aprendi, existe, porem, muita gente que não aprende nada, que não cresce, que não mentaliza nem consciencializa os erros e os defeitos que foi tendo. São o tipo de pessoas que errou, que falhou e não sabe onde.
Uma namorada ou namorado ciumento, é de facto um defeito, demonstra insegurança pessoal E também desconfiança e falta dela em relação à pessoa com quem decidiu partilhar uma vida inteira, em principio. Se tal rapariga ou rapaz é assim tão ciumento/a, o problema, provavelmente não é só dela, mas também teu. O problema é dela, porque é ciumenta em exagero e é provavelmente teu porque deve ter razão. Caso não tenha razão, então aí sim é um problema grave e é dela, porque não sabe o que é dar espaço. Nem sequer se trata de incompatibilidade ou de um defeito dela, é simplesmente uma mania parva. Mas é uma mania que pode ser educada? De certa forma sim. Pode-se combater fogo com fogo. Se ela é ciumenta, sê ciumento em exagero. O problema, tal como me aconteceu a mim, é de que ela vai-se armar em parva e vai querer espaço, vai dizer que estás a ser parvo, que não tens razão nenhuma em estar assim, apesar de teres razão. E se achares que ela anda com outro, acredita em 100%. O teu cérebro tem razão.
Começa com a falta de sexo e de vontade em estar contigo e até mesmo com intolerância de coisas que dizias ou que fazias. Quando isso acontecer, não vai ser a compatibilidade, a incompatibilidade que vos vai unir. O melhor é separarem-se o mais rápido possível. Porque ela andar com outro não é um erro teu, é um erro dela, porque como irás perceber mais para a frente, ela nunca soube conversar contigo, dialogar e dar soluções, tempo e oportunidades para processares a informação ou até mesmo o que ela disse. A culpa raramente é de um único indivíduo, mas quando duas pessoas se trocam por amantes, o problema não está nas pessoas de fora, no ambiente externo ou nos familiares, está na falta de conversa cada vez que se olhavam no momento em que se deitavam na mesma cama.

É um "defeito" que pode passar a "feitio" e que com alguma ajuda transformar-se num "enfeite". O mais importante das incompatibilidades é dialogar, conversar e compreender. Dar espaço e tempo. E quando falo em tempo não é alguns minutos, horas ou dias. Uma pessoa normal nunca irá mudar, mas se for inteligente o suficiente, ao fim de 1 mês e algumas semanas, talvez ao fim de 4 ou 5, mude e o hábito "parvo" desapareça ou atenue.

Os opostos não se atraem, devem, se o desejarem, saber viver ao lado um do outro, respeitando-se mutuamente. Não é conviver é partilhar. Porque uma relação não é um conto de fadas singelo sem ameaças ou problemas, é um investimento mútuo que deve ser valorizado por cada um.
A tua relação ou não relação baseia-se, muito resumidamente, no anuncio da danone, ou consegues perceber (+/-) se uma pessoa é madura o suficiente para ti!? Até porque também não te podes esquecer que a outra vai exigir coisas que talvez tu ainda não estejas preparado psicologicamente para dar. A culpa não é tua, mas passará a ser dela se vier a namorar contigo. Ela sabia o que eras ao principio e sabia aquilo que podias trazer para cultivar na relação.
Lembra-te também de outra coisa, o esforço num casal, não se divide em 50%-50%, mas 100%-100%, porque é uma coisa a dois, de dois, e não para dois. É diferente! Uma relação não é um convívio é uma partilha de confiança, respeito e tempo. Se é para andares com jogos psicológicos, zangas sem sentido  e que espremidas não valem nada ou controlo absurdo e exagerado, então tu não estás numa relação mas numa ditadura, numa guerra, numa relação azeda que perdeu o brilho (se é que o teve alguma vez) à muito tempo.

Duas frases simples e pequenas podem estragar a tua relação super-hiper-mega-perfeita em apenas 10 segundos.

O teu namorado vê pornografia e têm-te andado a mentir este tempo todo.
O teu namorado traiu-te e tu não sabes.

No fim disto, não sabes se é mentira ou se é verdade, mas isso não importante porque agora vais andar desconfiada mesmo que confies nele. A não ser que sejas uma rapariga que lida bem com "traições" e pornografia. Caso não o sejas, pensa nisto: Ele tem andado a fazer certas coisas nas tuas costas e algumas delas são precisamente as que lhe pediste para ele deixar de fazer ou nunca fazer. Ele jurou-te e prometeu-te que já não o fazia, mas ele faz.
E agora!? A incompatibilidade é um defeito ou falta de uma conversa séria e madura com a opção de lhe dares um tempo para crescer e aprender!?
Até porque... tu não mandas em ninguém, e se não estás feliz podes sempre mudar. Lembra-te de que isso espremido nem sequer vale o tempo de te estares a zangar ou a criar rancor, ódio ou nojo seja por quem for. O outro é livre até ao ponto de tu o enjaulares só para fazeres cumprir os teus caprichos, sonhos e desejos. Não és mais nem és menos, és igual. E se és igual, deixa de ser mesquinha e aprende a conversar, aprende e desenvolve.

Já nada disto tem haver com o que vos separa ou com o que vos une, mas única e simplesmente com o tipo de pessoas que são e que deixam os outros ser quando estão à vossa volta.
Tu cresces ou permaneces estupidamente atónito a todos os erros e fracassos que te acontecem na vida!?

Os príncipes, são sempre perfeitos...
O divórcio em Portugal...

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Desvanece...


Dois corpos, nus na escuridão de um espaço infinito. Abraçados um ao outro, de olhos fechados, sentindo os seus corpos frios, sensíveis. As emoções deslizavam sobre a pele como seda, acarinhando-se mutuamente com os seus dedos melancólicos. Ouvia a respiração dela sobre a dele, arfante, quase como um gemido. Aproximaram-se, sentiu o cabelo dela na sua cara e deixou-se absorver pelas ondas que lhe limpavam a alma, que lhe acalmavam a mente. Afastavam do seu consciente a tristeza de um adeus e aproximavam-se os sorrisos pequeninos da sua mulher, as corridas, as brincadeiras, a comida e as paisagens.
Os pulmões dela encheram-se de ar, beijada no peito, agarrada, acariciada. Deixou-se levar, guiar por entre a erva alta de um prado verde. Sentia a brisa fresca no peito, os cabelos bater-lhe nas orelhas e o sol descansar sobre a almofada de estrelas. A terra húmida sobe os seus pés, as mãos trémulas que lhe acariciavam o corpo, a cara, a cintura.
Um foco de luz ténue incidiu sobre eles, serpenteando sobre os seus corpos como uma vela soprada pelo ar de um anjo, hipnotizada por um beijo, bêbeda.

-- O que sou eu para ti?
-- Tudo o que quiseres ser...

Os lábios tocaram-se, as mãos sentiram a cara e a chama morreu, perdendo o brilho à medida que se emaranhava na escuridão.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

As crianças e a concentração


Costuma-se dizer, que a nossa concentração tem uma duração máxima de 15 minutos.

Na escola, a matéria não é tão interessante como um episódio de 25/30 minutos de Dragonball, que quando acaba "Não percam o próximo episódio, porque nós também não!", os 30 sabem a pouco. Isto é fácil de explicar utilizando a lei da relatividade de Einstein. Quando estamos entretidos, o tempo passa muito mais depressa, e uma das razões principais é o simples facto de o nosso cérebro desligar o nosso relógio biológico, de se esquecer, de deixar de dar importância, pelo simples facto de estar a ter prazer com o que quer que esteja a fazer no momento.

Se repararmos e estivermos com atenção ao que se passa no telejornal em si, nas imagens, nas músicas, nos tempos, reparamos que uma noticia não tem mais do que 5 minutos. Cada imagem dura 3 segundos, e só dura mais de 3s quando a imagem não é parada. A própria televisão cria em nós uma concentração abaixo dos 15 minutos. Vivemos, neste momento, numa geração do "Agora", do "Rápido", do "Fácil" e do "Acessível". Não temos paciência para esperar pelo que desejamos. Culpada disso é a Google, que nos destruiu a atenção, a concentração, que nos tornou viciados pela rapidez com o acesso à informação, que nos desinformou, apesar de nos ter actualizado. Que nos des-socializou, apesar de ter-nos colocado todos cada vez mais perto. Que nos roubou a capacidade de procurar uma palavra num dicionário, apesar de nos ter facilitado a aprender a escreve-la.

Os Superficiais

A nossa concentração quando estamos motivados, quando tiramos prazer, é capaz de durar horas, e duraria dias ou semanas se não precisássemos de dormir! Perguntem àqueles que trabalham naquilo que realmente gostam de fazer, que realmente fazem do seu trabalho o seu hobby. Eu próprio tenho facilidade em ficar concentrado em coisas que muitas pessoas nem sequer gastariam 3 segundos do seu tempo, porque pura e simplesmente não lhes interessa. Contudo, estes "15 minutos", este prazo, pode ser comprovado através de uma conversa em árvore. Através de uma boa conversa. Iniciamos uma com um assunto, com uma opinião, com um argumento, com uma perspectiva e facilmente se constrói uma árvore enraizada. Ao fim de alguns minutos perdemos o inicio, teremos entretanto percorrido meia-dúzia de assuntos diferentes, provando que a nossa "atenção" argumentativa, ou de processamento de grandes quantidades de dados, nomeadamente memórias e experiências, não dura mais do que 15 minutos a menos que apontemos as coisas num papel. E digo isto porque enquanto esperamos pela nossa vez de falar, a conversa já avançou para outros assuntos "mais interessantes".

É por isso uma marca precisa de causar impacto (positivo) logo no primeiro placar, com as cores, com as letras, com o formato. Precisa de criar um logótipo ou uma mensagem de uma determinada maneira para que seja fácil de perceber, de ler, de interpretar e manipular-nos o suficiente para decidirmos comprar o produto.
É também por isso que um bom interface web é importante, porque se uma pessoa demorar mais do que 30s para encontrar o que procura ou se o número de cliques é superior ao que deveria ser necessário para uma operação fora do mesmo, então aquela página está condenada ao fracasso.

A nossa concentração desenvolve-se connosco desde o berço. Mas até enquanto somos bebés, perdemos rapidamente a concentração e o interesse para com um peluche, ou porque estamos cansados, ou porque já não nos atrai, já não nos inspira, nos fascina ou inspira. Tal como acontece com a música, com os filmes, com os livros, com a pintura.
A concentração sobre uma única tarefa, tem uma duração máxima de 15 min (+/-), e a razão é muito simples. Possuímos ainda um instinto muito primitivo a comandar o nosso cérebro, os nossos 5 sentidos, apesar de cientistas confirmarem de que existem outros, como é o caso do sentido de gravidade. Esse instinto primitivo de curta duração de atenção, permitia-nos estarmos atentos ao meio ambiente que nos rodeada, de verificarmos, procurarmos e termos atenção a possíveis predadores, enquanto apanhávamos frutos ou socializávamos uns com os outros. Como se pode testemunhar com as suricatas.
A nossa falácia para com a nossa fraca atenção, não é de todo um problema grave, mas um mecanismo importante que nos garantiu a sobrevivência durante milhões de anos. O problema não está em nós, mas no hoje. Porque o hoje, exije de nós capacidades, interesses, que não estamos talhados para fazer responder. Não evoluímos para o mundo de hoje, não nos aperfeiçoámos para o agora, mas para o mundo austero em que a morte caminhava por trás de nós, seguindo cada pegada com o mais profundo silêncio. O nosso problema de concentração já foi no passado uma grande ajuda, e hoje é apenas, uma grande dor de cabeça.

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Apontar é feio...
Animais espelhados como humanos...
O que é o "mal"?
A Natureza das cores...